Cultura Pop: Meu Pé de Laranja Lima (1998/99)

Baseada livro homônimo de José Mauro de Vasconcelos, a novela Meu Pé de Laranja Lima terminava há 25 anos pela Bandeirantes (atual Band), e foi marcada pelo encerramento da dramaturgia do canal naquele momento (o canal só voltaria a investir no gênero anos depois, nos anos 2000). Exibida de 7 de dezembro de 1998 a 2 de abril de 1999 em 101 capítulos, a trama escrita por Ana Maria Moretzsohn, com colaboração de Dayse Chaves, Izabel de Oliveira, Maria Cláudia Oliveira e Vera Villar, e a direção geral de Henrique Martins, foi a terceira adaptação da novela, depois da versão de 1970 da TV Tupi e a versão de 1980 através da própria Band. Porém, não conseguiu repetir o êxito das versões anteriores, e ficou bem aquém do esperado pelo canal na época. Ainda assim, vale relembrar esse clássico contemporâneo da nossa cultura pop, que possuía a fantasia e o lúdico como pano de fundo, além de um elenco de nomes promissores e consagrados tais como Caio Romei, Gianfrancesco Guarnieri, Regiane Alves, Karla Muga, Rodrigo Lombardi, Genésio de Barros, Eliana Guttman, Cris Bonna, entre muitos outros.

O então menino Caio Romei interpretou Zezé, o protagonista mirim da novela Meu Pé de Laranja Lima. Folhetim da Band foi a terceira versão do clássico livro homônimo de José Mauro de Vasconcelos. (Foto: Reprodução/Band)

Enredo

Zezé (Caio Romei) é um garoto pobre de seis anos, inteligente, sensível e carente. Sem a complacência das pessoas ao seu redor, o menino não encontra afeto na família. O travesso garotinho anda pelas ruas realizando mil traquinagens. Aprende tudo sozinho, e percebe que na vida há alegrias, como as amizades conquistadas, e também tristezas, como quando o amigo vai embora para sempre. Uma de suas grandes surpresas é notar que consegue cantar de boca fechada – ou seja, ficar imaginando uma música e deixá-la tocar dentro da sua mente.

Quando a família de Zezé, os pais Paulo (Genésio de Barros) e Estefânia (Eliana Guttman), e os cinco irmãos – Jandira (Flávia Pucci), Godóia (Karla Muga), Lili (Regiane Alves), Totoca (Rafael Pardo) e Luisinho (Vancley Pimentel) se mudam para uma casa a qual existe várias árvores no quintal, cada irmão opta por uma para si. Há quem escolha a mangueira, o pé de tamarindo e assim por diante. Resta para Zezé um sucinto pé de laranja lima. Contudo, essa árvore fica tão amiga dele que eles papeiam bastante e até brincam juntos. Zezé inventa para si um mundo de fantasia onde o seu maior confidente é Minguinho, o pé de laranja lima. Mas a vida lhe instrui tudo cedo demais, e Zezé descobre a dor e a saudade, bem como a ternura e o carinho no afeto do solitário português Manuel Valadares/Portuga (Gianfrancesco Guarnieri), o qual adquire uma relação de cumplicidade e amizade.

Produção

A paisagem bucólica do Centro de Mecanização e Automação Agrícola (CMAA), próximo a Jundiaí, a 50 quilômetros de São Paulo, foi o lugar escolhido para as cenas externas da novela. (O Estado de São Paulo, 15/11/1998, TV Pesquisa PUC-Rio)

O garoto protagonista Caio Romei – ruivo, olhos verdes, sardento, então com 10 anos – foi escolhido em São Paulo em um teste com 320 crianças. Na mesma seleção, foi escalada parte do elenco infantil. (Jornal do Brasil, 17/09/1998, TV Pesquisa PUC-Rio)

Bastidores e Curiosidades

Investida de renovar a trama de José Mauro de Vasconcelos, já adaptada com sucesso por Ivani Ribeiro, em duas oportunidades: em 1970-1971, na TV Tupi, e em 1980-1981, na própria TV Bandeirantes. Mas, desta vez, a repercussão das novelas anteriores não se concretizou.

O romance de José Mauro de Vasconcelos (publicado pela primeira vez em 1968), já tinha sido adaptado para o cinema, em 1969, no filme de Aurélio Teixeira. Em 2013, teve uma nova versão no cinema, no filme de Marcos Bernstein.

Diferente das versões anteriores, em que a trama era ambientada em um bairro pobre da periferia, nesta as desventuras de Zezé ocorreram em uma cidade do interior paulista, com casas humildes e muita natureza. A família continuou pobre, mas não sem um certo glamour, já que o pai do garoto, desempregado, foi morar com a família de favor em um casarão emprestado. (Site Teledramaturgia)

Ana Maria Moretzsohn retratou na época do lançamento que as primordiais diferenças de sua novela em relação às versões anteriores foram as alterações na plástica do enredo e o perfil de Zezé, o menino protagonista.

Outra novidade foi a árvore com que Zezé conversava. Foram utilizados efeitos especiais para marcar os diálogos do garoto. “Quando ele falar com ela será um momento mágico”, disse a autora. (O Globo, 18/10/1998, TV Pesquisa PUC-Rio)

Glória/Godóia (Karla Muga) e Henrique (Rodrigo Lombardi) em cena de Meu Pé de Laranja Lima. Adaptada pela novelista Ana Maria Moretzsohn, trama com temática infantil foi realizada às pressas e não cativou o público. (Foto: Reprodução/Band)

A escolha dessa história foi definida às pressas pela direção da Band. “Sugeri a trama da Ivani por ser um trabalho não muito difícil de ser feito às pressas”, disse a adaptadora Ana Maria Moretzsohn em entrevista ao Jornal do Brasil (17/09/1998, TV Pesquisa PUC-Rio)).

Para atualizar a história, Ana Maria Moretzsohn elaborou novos personagens, modificou alguns e incrementou outros que, na versão original, não tinham tanto peso na trama. Quem passou por uma destas transformações foi Manuel, o Portuga. De motorista de táxi das novelas do passado, nesta adaptação ele era proprietário de uma firma de turismo com uma frota de carros antigos.

Gianfrancesco Guarnieri, o Portuga deste folhetim, já tinha participado da versão de 1970, na Tupi, onde interpretou o papel de Ariovaldo Pedrosa (que não foi alocado na versão de 1998-1999).

Início em novelas dos atores Rodrigo Lombardi, Fernando Pavão e Ícaro Silva (com 11 anos no período).

Abertura

Ao som de “Brincar de Ser Herói“, interpretada por Jane Duboc, a abertura lúdica da novela Meu Pé de Laranja Lima apresentava, basicamente, a imaginação do protagonista Zezé (Caio Romei), entre foguetes, estrelas, o sol, a cidade, a casa, desenhos, cavalos, fantasmas, aviões, balões, heróis dos quadrinhos, etc. A vinheta bem colorida e animada termina com algumas cenas do protagonista realizando atividades comuns de toda a criança como ir a escola, brincar com os amigos, fazer travessuras, entre outros passatempos.

Trilha Sonora

Com a maioria da trilha sonora interpretada por Marcus Viana, a novela Meu Pé de Laranja Lima possuía como destaque em sua composição musical as canções: “Acalanto” de Leandro e Leonardo; “Brincar de Ser Herói”, versão interpretada pela compositora e cantora Jane Duboc (Tema de Abertura); “Canção da Árvore” de Marcus Viana; “Doendo de Saudade“, do cantor sertanejo Daniel; “O Poeta e o Rouxinol”, de Marcus Viana; “Quando eu estava Só” de Vânia Abreu; entre outras canções.

Reprises

A novela foi reprisada no canal de TV a cabo Foxlife, de janeiro a setembro de 2006, de segunda a sexta-feira, às 7 e às 13 horas. Os capítulos da semana eram reapresentados aos sábados, em sequência, das 7 horas ao meio-dia.

Reapresentada também entre 02 de agosto e dezembro de 2010, de 2ª a 6ª feira, às 11h50 da manhã, pela emissora gaúcha Ulbra TV, que tinha realizado uma parceria com a Band.

Ainda, a trama retornou pela emissora cearense TV Diário, entre 14 de março à 28 de julho de 2011, em 99 capítulos, às 16 horas; e pela Rede Viva, entre 05 de agosto a 20 de dezembro de 2013, em 100 capítulos, às 21 horas.

No início da carreira, a atriz Regiane Alves interpretou Lili na novela exibida pela Band que completa 25 anos do seu final em 2024. (Foto: Reprodução/Band)

Audiência e Repercussão

Perante a baixa audiência e repercussão da novela, a Band desistiu, mais uma vez, de produzi-las, passando para os seriados (A Guerra dos Pintos e Santo de Casa). Com o desempenho abaixo do esperado também dos seriados, o canal deixou de investir em teledramaturgia na época, retornando na década de 2000.

Fonte: Site Teledramaturgia.

Deixe um comentário