Fragmentos no Globoplay: Sol de Verão (1982/83)

Uma das obras mais nostálgicas de Manoel Carlos, a novela Sol de Verão retorna hoje (19/02), definitivamente pelo projeto “Fragmentos” do Globoplay. Produzida e exibida pela emissora em sua tradicional faixa das 20/21 horas, de 11 de outubro de 1982 a 19 de março de 1983, em 137 capítulos, essa trama inesquecível marcou, infelizmente, por uma grande tragédia. O ator Jardel Filho, que fazia o papel principal no folhetim do horário nobre, faleceu durante o enredo, o que ocasionou comoção e tristeza entre o público e os colegas de elenco do artista. Entretanto, uma direção inspirada e segura de Roberto Talma, Jorge Fernando e Guel Arraes, um elenco de nomes consagrados e promissores e uma trama que tinha como marca a composição de retratos da vida comum das camadas médias nas grandes cidades foram alguns dos diferenciais positivos da narrativa solar. Assim, vale relembrar 18 curiosidades desta novela marcante, com os devidos motivos para acompanha-la novamente dentro da plataforma on-demand global.

Laura (Beatriz Segall), Clara (Débora Bloch), Raquel (Irene Ravache) e Virgílio (Cecil Thiré) em cena de Sol de Verão. Novela de Manoel Carlos retorna hoje pelo projeto “Fragmentos” do Globoplay. (Foto: Reprodução/TV Globo)

1- A morte de Jardel Filho abalou toda a equipe de ‘Sol de Verão’. Com o afastamento de Manoel Carlos, autor titular, Lauro César Muniz assumiu a novela nos 17 capítulos finais, sendo auxiliado por Gianfrancesco Guarnieri. (Site Memória Globo)

2- O falecimento de Jardel Filho chocou toda a equipe de Sol de Verão. A direção da Globo realizou uma pesquisa perante o público da trama para saber se deveria dar prosseguimento ou não ao folhetim. Grande parte dos entrevistados disse que a novela deveria continuar a ser exibida. Contudo, seu autor, Manoel Carlos, muito amigo de Jardel Filho, relatou que se sentia inabilitado de finalizar a novela, e a direção decidiu por acelerar o término da obra.

3- A cenografia de Sol de Verão, sob a coordenação de Raul Travassos, merece ênfase pela elaboração em alvenaria, na cidade do Rio de Janeiro, um dos principais cenários do enredo. Em um terreno baldio localizado no bairro do Flamengo, na zona sul da cidade, foi feito o conjunto composto pelo sobrado de Heitor (Jardel Filho) e pelo prédio onde residiam Rachel (Irene Rachel) e diversos personagens da produção.

4- Uma das cenas mais emocionantes de Sol de Verão ocorre nos capítulos finais quando, ao descobrirem que são mãe e filho, Sofia (Yara Amaral) e Abel (Tony Ramos) se abraçam, comovidos.

5- Em entrevista, Manoel Carlos relatou que o eixo central da novela, sobre uma mulher que resolve abdicar de um casamento aparentemente feliz, a qual possui de tudo, para procurar sua felicidade real, teve uma repercussão negativa na época. Vários pessoas que assistiam o folhetim enviavam cartas à Globo afirmando que a atitude de Raquel (Irene Ravache) era um péssimo exemplo.

6- O término da novela foi bastante conturbado com os textos sendo enviados às pressas e as cenas gravadas pouco tempo antes de serem apresentadas. Contudo, mesmo com os problemas, a audiência aumentou no último mês de exibição.

Tony Ramos interpretou Abel na novela exibida entre 1982 e 1983. Papel de surdo mudo foi muito elogiado pelo grande público e a crítica especializada. (Foto: Reprodução/TV Globo)

7- A novela posterior no horário, Louco Amor, de Gilberto Braga, não estava pronta quando Sol de Verão foi encerrada. A Globo decidiu, então, exibir uma versão resumida de O Casarão, novela de Lauro César Muniz, exibida originalmente em 1976.

8- A primeira cena escrita por Lauro César Muniz mostra o jardim do sobrado de Heitor (Jardel Filho) sendo destruído por um enorme trator. O jardim ficava sob os cuidado de Abel (Tony Rarmos), que colocou uma placa com o nome Heitor. Ali, vários personagens se encontravam. Com a destruição, todos ficam tristes, como se tivessem perdido algo muito importante em suas vidas. Logo em seguida, Rachel (Irene Ravache) anuncia que espera um filho de Heitor. Em conversa com a mãe, ela diz: “É como se ele continuasse vivo dentro de mim. Eu vou ter um filho do homem que eu sempre amei”, referindo-se a Heitor, deixando clara a morte do personagem. Depois, Rachel propõe a todos que reconstruam o jardim, juntos: “A gente não vai se entregar, não. Essa história a gente vai levar até o fim”, diz a personagem, olhando para a câmera. (Site Memória Globo)

9- Ao término da apresentação do último capítulo, onde Jardel Filho participara, o elenco prestou uma homenagem ao ator enviando depoimentos emocionados. Manoel Carlos também realizou sua homenagem: escreveu um texto especial, lido por Gianfrancesco Guarnieri, que foi ao ar no início do capítulo 121. O texto era entreposto por imagens de Jardel Filho e cenas dele como Heitor. Em uma das continuidades, o personagem dizia: “Às vezes eu fico pensando… Pra onde será que vai tudo que uma pessoa sabe quando ela morre? É. A cabeça de um homem. Tantos planos, conhecimentos (…) Pra onde vai tudo isso que ele sabia?”

10- Manoel Carlos tinha planejado um final feliz para Heitor e Raquel. Os dois finalizariam a novela juntos e iriam se casar na Holanda. Heitor era descendente de holandeses e possuía o desejo de conhecer a terra de seus antepassados.

11- De acordo com o autor, Vera Fischer foi o primeiro nome imaginado por ele para o papel da protagonista Raquel. Porém, a atriz não podia protagonizar a novela porque tinha feito Brilhante, de Gilberto Braga, que acabara aproximadamente sete meses antes. Contudo, a opção por Irene Ravache foi um grande acerto, muito devido a atriz interpretar com bastante desenvoltura sua personagem.

12- A novela foi um dos primeiros trabalhos da dupla de diretores Guel Arraes e Jorge Fernando na Globo.

Raquel (Irene Ravache) e Heitor (Jardel Filho) em imagem da época da novela Sol de Verão. Morte do protagonista encurtou a novela e causou o afastamento do autor do enredo. (Foto: Reprodução/TV Globo)

13- Para realizar o personagem Abel, Tony Ramos foi ao Instituto Nacional de Educação dos Surdos e realizou imagens de um casal de deficientes auditivos que possuía um filho sem problemas de audição. Com a fita, pôde ver os gestos, os sinais, todas as expressões dos surdos-mudos. O ator relatou que passou até a verificar a vibração do piso causada pela música. Como seu personagem trabalhava na oficina mecânica de Heitor, a qual possuía os mais diversos ruídos, ele teve de aprender a não piscar quando se batia o martelo ou quando um motor começava a funcionar de repente.

14- O personagem Abel obteve grande destaque entre os telespectadores. Nas escolas, as crianças passaram a reproduzir a linguagem dos surdos-mudos. O jornal O Globo chegou a publicar o alfabeto dos sinais, que também passou a ser partilhado em panfletos nas ruas das grandes cidades.

15- Assim como tinha realizado em Baila Comigo, novela apresentada em 1981, Manoel Carlos escreveu uma trama onde os personagens representavam as alegrias e tristezas da classe média. O autor fixava ali a marca de seu estilo: a composição de retratos da vida comum das camadas médias nas grandes cidades.

16- Sol de Verão foi a volta de Irene Ravache às novelas da Globo depois de uma pausa de 16 anos (a última trama dela tinha sido Eu Compro Esta Mulher, em 1966). E de Nelson Xavier, ausente das novelas da Globo há 14 anos e de Gésio Amadeu, há 12 anos.

17- Por seu desempenho na novela, Irene Ravache foi a vencedora pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) como a melhor atriz de 1982 e Débora Bloch, também de Sol de Verão, como a atriz revelação do ano. Ainda, Irene Ravache foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor atriz de 1982.

Jardel Filho, em sua última novela, interpretou Heitor em Sol de Verão. Novela do horário nobre causou comoção com a partida de seu astro principal. (Foto: Reprodução/TV Globo)

18- Primeira novela da atriz Duse Nacaratti e dos atores Helber Rangel e Miguel Falabella – que, erroneamente, tinha seu sobrenome grafado como “Faiabella” nos créditos da abertura. (Site Teledramaturgia)

Fontes: Sites Memória Globo e Teledramaturgia.

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