Um Só Coração no Globoplay: 20 curiosidades sobre a obra

Grande produção da televisão brasileira, a minissérie Um Só Coração, de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira, com colaboração de Lúcio Manfredi e Rodrigo Arantes do Amaral, e que prestava uma homenagem aos 450 anos da cidade de São Paulo, retorna hoje (12/06), definitivamente no catálogo do Globoplay, plataforma de streaming da Rede Globo. Produzida e exibida pela emissora entre 6 de janeiro a 8 de abril de 2004, em 54 capítulos, a minissérie dirigida por Marcelo Travesso, Ulysses Cruz e Gustavo Fernandez com direção geral de Carlos Araújo e núcleo de Carlos Manga, marcou principalmente pela trama belíssima, uma história marcante e uma criteriosa reconstituição de época. A minissérie foi um grande sucesso, agradando o público e a crítica televisiva. Ainda, nomes de destaque como Ana Paula Arósio, Erik Marmo, Edson Celulari, Daniela Escobar, Cássia Kiss, Maria Fernanda Cândido, Marcello Antony e Daniel de Oliveira, entre outros, garantiram ainda mais qualidade ao folhetim que retratava, entre outros acontecimentos, a Semana de Arte Moderna de 1922 . Por isso, vale relembrar esse grande clássico contemporâneo com os motivos para acompanha-lo novamente através da plataforma on-demand global.

Ana Paula Arósio interpretou Yolanda Penteado na minissérie Um Só Coração, de 2004. Obra de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira retorna hoje no Globoplay. (Foto: Divulgação/TV Globo)

1- Com o slogan “Globo e São Paulo: Um Só Coração”, a minissérie fez parte das comemorações dos 450 anos de São Paulo e foi considerada pela emissora a sua maior contribuição para a festividade – além da série de matérias jornalísticas realizadas pelo SPTV, o show da virada e da chuva de prata na Avenida Paulista, no réveillon de 2004 e no dia 25 de janeiro (aniversário da cidade). (Site Teledramaturgia)

2- Um Só Coração relatou a história da cidade do começo dos anos 1920 até o ano de 1954, na Festa do 400 anos de São Paulo. A data final foi atribuída por se tratar de uma época de transformações, onde a cidade passou de potência rural a grande metrópole. Entre os diversos períodos mostrados no enredo, além da Semana de Arte Moderna, estavam a Revolução de 1924, a crise de 1929, a Revolução de 1932, a adaptação às diretrizes da era Vargas, os ecos do nazismo e do fascismo, os refugiados da Segunda Guerra, a influência americana e a abertura da televisão no Brasil.

3- A personagem central da minissérie foi Yolanda Penteado (Ana Paula Arósio), uma das mais célebres damas da alta sociedade paulistana durante a década de 1950. A socialite escreveu o livro “Tudo em Cor de Rosa”, um dos alicerces dos autores Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira para a produção da obra.

4- Yolanda Penteado foi fundadora do Museu de Arte Moderna, em companhia de Ciccillo Matarazzo (Edson Celulari), seu segundo esposo. Ela viveu lado a lado com personalidades como Santos Dumont (Cássio Scapin), Assis Chateaubriand (Antônio Calloni), Mário de Andrade (Paschoal da Conceição), Anita Malfatti (Betty Gofman), Oswald de Andrade (José Rubens Chachá), Tarsila do Amaral (Eliane Giardini) e Pagu (Mírian Freeland). Yolanda era membro da família Penteado, uma das mais famosas e antigas de São Paulo.

5- Para interpretar personagens que existiram de verdade, autores e atores, muitas vezes, tiveram o auxílio de parentes dos personagens reais. Os familiares se puseram à disposição para mostrar memórias e documentos. “Só a filha de um dos amantes de Yolanda, um homem casado da sociedade paulistana, se recusou a ajudar”, disse a autora Maria Adelaide Amaral.

Tarsila do Amaral (Eliane Giardini) e Oswald de Andrade (José Rubens Chachá) em cena de Um Só Coração. Personagens da vida real fizeram parte da minissérie em homenagem aos 450 anos de São Paulo. (Foto: Divulgação/TV Globo)

6- Uma sobrinha-bisneta de Yolanda Penteado, a atriz Gabriela Hess, fez o papel de Guiomarita Penteado, irmã de Yolanda e sua bisavó na realidade. O curioso foi que, em um dos capítulos, Gabriela concebeu sua tia-avó, Antonieta Penteado da Silva Prado Cintra, – que, assim, viu a representação, na vida real, ao seu próprio nascimento na TV.

7- A equipe de produção da minissérie teve trabalho para apresentar a cidade de São Paulo da década 1920 até meados de 1950. A obra teve cenas realizadas em São Paulo, Santos, Campinas, Bananal e em Rio das Flores, no interior do Rio de Janeiro.

8- Durante duas semanas, a equipe realizou as gravações nas ruas do centro histórico de Santos, chamando a atenção de moradores e curiosos. O lugar ganhou ares da época com anúncios de sabonete e ofertas de emprego colados nas paredes e fachadas de casas e lojas. Além disso, as portas e janelas foram revestidos com toldos como os que eram utilizados na época. Entre outras cenas, ali foram feitas as tomadas da Revolução de 1924.

9- O figurino mereceu atenção especial da equipe coordenada por Emília Duncan. Para o papel de Tarsila do Amaral (Eliane Giardini), por exemplo, foi aperfeiçoada uma linha de tecidos especiais, pintados a mão, com clara alusão ao cubismo. Já Anita Malfatti (Betty Gofman) possuía um figurino mais soturno, com roupas de tons escuros e sóbrios. A moderna Yolanda Penteado (Ana Paula Arósio), no entanto, era fã do estilista francês Jean Patou, especialista em roupas esportivas que melhoravam o corpo da mulher e lhe concediam liberdade. Assim, a equipe da minissérie desenhou um figurino clean e muito elegante para o papel.

Martim (Erik Marmo) e Yolanda Penteado (Ana Paula Arósio) em cena da minissérie. Reconstituição de época impecável e figurino caprichado foram alguns dos diferenciais da produção global. (Foto: Renato Rocha Miranda/ TV Globo)

10- Em relação ao corte utilizado na produção, os cabelos de boa parte das mulheres eram curtos, uma tendência da época. As mulheres mais convencionais e conservadoras decidiram por manter os cabelos longos, usualmente presos por coques. Já para a caracterização do elenco masculino da obra, os cabelos eram marcados por nucas mais curtas, fio reto na parte superior e costeletas normais. Destaque para a caracterização dos papéis reais: Pascoal da Conceição e Cássio Scapin, por exemplo, estavam praticamente iguais a Mário de Andrade e Santos Dumont, seus personagens na produção.

11- Projetada na Central Globo de Produção, a cidade cenográfica da obra reproduzia as ruas de São Paulo da década de 1920. O grande obstáculo da equipe de cenografia era o ambiente interno, com móveis e objetos de decoração próprio da época. Para isso, foi realizada uma pesquisa minuciosa e garimpo nos antiquários do Rio de Janeiro e São Paulo. Alguns móveis como camas e mesas de jantar foram arquitetados particularmente para a minissérie.

12- Um Só Coração lançou mão da plotagem em suas cenas. O interior de algumas lojas da cidade cenográfica eram frutos de efeito fotográfico, com a ajuda de computadores.

13- Para as cenas que mostravam a Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo, a equipe da minissérie realizou cenas durante quatro dias e três noites consecutivas, com aproximadamente 300 figurantes. Os autores Alcides Nogueira e Maria Adelaide Amaral estiveram no primeiro dia de gravação, trajando-se com figurinos de época, como personagens da sociedade paulista.

14- O capítulo inicial da produção foi especial e feito com o dobro do tempo normal de duração. No geral, estima-se que a Rede Globo tenha investido 10,5 milhões de reais na trama de Um Só Coração.

Rodolfo (Marcello Anthony) e Coronel Totonho Sousa Borba (Tarcísio Meira) em cena de Um Só Coração. Semana de Arte Moderna e outros eventos que marcaram o Século 20 foram retratados durante a obra. (Foto: Zé Paulo Cardeal/TV Globo)

15- Sobre a decisão do título da minissérie, Alcides Nogueira destacou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo que pensou em pegar um verso de algum poeta tipicamente paulista para resumir o que eles queriam ao realizar a trama. “Achamos a frase ‘um só coração, uma só vontade’, de um poema do Paulo Bonfim, que é São Paulo puro. A Rede Globo queria dar, e acredito que deu, um abraço carinhoso na cidade pelos seus 450 anos, e o título traduzia bem a ideia de um só coração pulsando.”

16- Esposa do falecido escritor Jorge Amado, a escritora Zélia Gattai, que se foi em 2008, realizou uma participação especial na produção. No capítulo apresentado em 11 de março de 2004, o então jovem Jorge Amado é homenageado em um jantar onde participa a pintora Tarsila do Amaral (Eliane Giardini). Na ocasião, é Zélia quem ergue o brinde.

17- Mãe e filha na vida real, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro realizaram uma participação especial no último capítulo da obra. Em cena, Fernanda Montenegro apresentava Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, para a filha. Cleide Yáconis e Eva Wilma também estiveram presentes no último capítulo do enredo, como elas mesmas. As atrizes realmente estavam entre os convidados da festa de Yolanda e Ceccillo Matarazzo.

18- A minissérie foi esticada por conta do grande êxito em sua audiência. Assim, ao invés de terminar no dia 02 de abril de 2004, como estava planejado, o último capítulo foi apresentado no dia 8. Na primeira semana, a produção marcou uma média de 38 pontos na Grande São Paulo. Já na segunda e terceira semana, foram registrados 31 pontos no ibope no horário, vista como excelente para os padrões da época.

19- A minissérie teve aberturas diversas – pelo menos em seu término. Em cada uma, a chuva de fotos acabava em um local diferente: em quadros, porta retratos, em uma sala, entre outros lugares.

Martim (Erik Marmo) e Yolanda Penteado (Ana Paula Arósio) em cena da minissérie Um Só Coração. Por conta da grande audiência, a trama foi esticada e ficou no ar por três meses. (Foto: Divulgação/TV Globo)

20- Um Só Coração foi comercializada em DVD no mesmo ano de sua exibição, em 2004. Foi ao ar também no Viva (canal de TV a cabo do Grupo Globo) entre 07 de janeiro e 19 de março de 2013.

Fonte: Sites Memória Globo e Teledramaturgia.

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