Há 41 anos, terminava pela Rede Globo a minissérie Avenida Paulista, uma obra que marcou não somente por retratar um dos principais símbolos da cidade de São Paulo, mas por se aproximar bastante dos seriados americanos, em uma nova linguagem para a ação dramática televisiva. Produzida e exibida de 10 a 28 de maio de 1982, em 15 capítulos, a minissérie escrita por Daniel Más e Leilah Assumpção, com coordenação de texto de Luciano Ramos, contou com um trabalho quase impecável de direção de Walter Avancini e mais três colaboradores e destacou também nomes como Antônio Fagundes, Bruna Lombardi, Marta Overbeck, Ney Latorraca, Walmor Chagas e Dina Sfat nos papéis principais. Assim, vamos voltar ao início dos anos 1980 e relembrar o enredo, bastidores e curiosidades da trama, que se baseava na “receita” americana que conta a história do homem que sobe na vida e desfruta do poder em companhia de belas mulheres.
Enredo
Alexandre Torres (Antônio Fagundes), funcionário de uma agência bancária do Grupo Scorza em Ribeirão Preto, se beneficia de um erro de computador e extravia 10 milhões de cruzeiros do banco. Após ser desmascarado, ao invés de ser despedido, ele é convocado para ir a São Paulo pelo próprio presidente da empresa, Frederico Scorza (Wamor Chagas) onde, de maneira inesperada, consegue uma promoção. Na verdade, isso nada mais é do que um plano de Frederico para Alex assumir a culpa para as mazelas de uma de suas empresas, que vai muito mal, perto da falência. O desafio de Alex, então, é se transformar em um homem de prestígio no mercado financeiro paulista.
Assim, Alex tem o apoio da executiva Paula Alencar (Dina Sfat) para ajuda-lo, comparsa nos planos de Frederico. Contudo, o crescimento de Alex possui um preço: ele se encontra forçado a deixar a família, esposa e filha. Os outros sócios do Grupo Scorza, que desconhecem as intenções de Frederico, observam em Alex um perigo aos seus interesses. São eles: O inseguro Sérgio (Ney Latorraca), o filho amparado de Frederico, Dudu (Luiz Armando Queiroz); os irmãos Rodrigo (João José Pompeo) e Edgar (Odavlas Petti); e Albino de Almeida Moraes (Odilon Wagner), noivo de sua filha Ana Maria (Bruna Lombardi), uma jovem de temperamento difícil. Mas os planos de Frederico começam a não dar certo quando ele termina com Paula, sua amante.
Paula fica contra Frederico quando é humilhada e demitida do Grupo Scorza. Assim,ela revela a Alex as verdadeiras intenções dele. Então, os dois arquitetam uma vingança: se apossar da riqueza e angariar o conjunto das ações do Grupo Scorza, sem qualquer escrúpulo para atingir tal objetivo. Alex, revelando um dinheiro que foi extraviado, utiliza de extorsão e chantagem, e cumpre sua meta de separar Rodrigo e Edgar de qualquer meio que possa interferir no seu objetivo final, conquistando informações confidenciais da empresa. Assim, ele planeja o sequestro de Sérgio e o compele a se matar quando descobre que não é filho de Alice (Martha Overbeck), esposa de Frederico.
Obstinado, Alex consegue com que Dudu não detenha mais os seus direitos à fortuna dos Scorza, Ainda, envolve Albino em um escarcéu, destruindo sua reputação diante de sua noiva Ana Maria, então única herdeira da família. Para finalizar, Ana Maria se torna mulher de Alex, para o repúdio lúgubre dos Scorza. Todavia, um marco importante altera drasticamente os planos de Alex: Frederico Scorza é morto e todas as acusações recaem sobre ele. Sua única testemunha é Paula Alencar. Mas, para sua surpresa, Paula depõe contra Alex em sua confissão à polícia.
Produção
A maior parcela das cenas da minissérie foi feita em um escritório real na Avenida Paulista, localizada no centro de São Paulo, em que a equipe de produção elaborou os espaços cenográficos indispensáveis. Uma das preocupações da direção era identificar bem a cidade de São Paulo com a utilização da maior parte de cenas externas possível. Fixada no litoral paulista, Ilhabela também serviu de base para as gravações da minissérie.
Curiosidades e Bastidores
Avenida Paulista foi o primeiro trabalho do núcleo de produção de Walter Avancini, situado em Santana, Grande São Paulo. Eles foram responsáveis por outras minisséries, como Moinhos de Vento (1983), Anarquistas, Graças a Deus (1984) e Grande Sertão: Veredas (1985). O núcleo, no entanto, acabou ainda nos anos 1980.
A minissérie teve a capacidade de abordar sobre uma nova linguagem para a ação dramática televisiva. A ação predominava e falava-se pouco. Um estilo muito perto do modelo americano. Foi baseado também na “receita” americana o enredo: o homem que sobe na vida e desfruta do poder em companhia de belas mulheres.
Com diversas marcas pessoais de Walter Avancini, Avenida Paulista foi um trabalho irretocável de direção.
A atriz e apresentadora Angélica fez sua primeira aparição numa produção televisiva em Avenida Paulista. Ela fez o papel de Ana Maria criança, que surgia na minissérie em flashback.
Elenco perfeito e vários momentos memoráveis: o casamento de Alex e Ana Maria (Antônio Fagundes e Bruna Lombardi), por exemplo. (Site Teledramaturgia)
Boa parte das cenas foram realizadas em um escritório de verdade em plena Avenida Paulista.
A minissérie foi comercializada para Argentina, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Guatemala, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela.
Abertura
A abertura de Avenida Paulista, como não poderia ser diferente, mostrava os edifícios localizados na avenida que dá nome a minissérie e que é considerada até hoje um dos símbolos da cidade de São Paulo. Embalado pela canção “Avenida Paulista”, de César Camargo Mariano, a vista panorâmica do local é contemplada do alto, das ruas, entre os créditos da atração apresentadas em vermelho.
Trilha Sonora
A direção musical e os arranjos de Avenida Paulista ficaram sob a responsabilidade do maestro Júlio Medaglia, que também compôs alguns temas para a minissérie.
Reprise
Avenida Paulista foi reprisada em novembro de 1985, às 22h55.
Fontes: Sites Memória Globo e Teledramaturgia.
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