Barriga de Aluguel no Globoplay: 18 curiosidades sobre o clássico

Uma das produções mais esperadas pelo projeto “resgate de clássicos” do Globoplay, a novela Barriga de Aluguel, de Glória Perez, retorna hoje (08/05), definitivamente pela plataforma de streaming da Rede Globo. Produzida e exibida pela emissora, em sua tradicional faixa das 18 horas, de 20 de agosto de 1990 a 1 de junho de 1991, em 243 capítulos, essa trama inesquecível marcou por propor um debate científico sobre a inseminação artificial e mostrar um excelente enredo dramático ao influenciar as emoções do público sem jamais deixar o interesse da audiência cair, mesmo com mais de nove meses de exibição (a obra precisou ser esticada por conta de atrasos no folhetim posterior do horário, Salomé). Além disso, uma direção inspirada de nomes como Wolf Maya (também diretor geral e de núcleo), Ignácio Coqueiro e Sílvio de Francisco e um elenco coeso que tinha Cláudia Abreu, Cássia Kis, Victor Fasano, Humberto Martins, Denise Fraga, Leonardo Villar, Mário Lago e Beatriz Segall nos papéis principais, garantiram o êxito da narrativa. Por isso, vale relembrar 18 curiosidades desta novela marcante, com os devidos motivos para acompanha-la novamente dentro da plataforma on-demand global.

Cássia Kis (Ana), Victor Fasano (Zeca) e Cláudia Abreu (Clara) foram os protagonistas de Barriga de Aluguel, novela global de grande sucesso de Glória Perez, exibida na faixa das seis. (Foto: Acervo/TV Globo)

1- Baseada em pesquisas científicas sobre inseminação artificial, a sinopse de Barriga de Aluguel foi escrita em 1985. Gloria Perez compareceu a uma clínica de reprodução em São Paulo que já realizava a experiência muito antes de o tema se tornar relevante. Porém, de acordo com a autora, a novela foi vista como muito fantasiosa, e o enredo foi arquivado, até ser exibido cinco anos depois.

2- Gloria Perez buscou igualar a torcida da audiência entre Ana (Cassia Kis) e Clara (Cláudia Abreu) pela tutela da criança, de maneira alternada, fazendo com que uma e outra personagem movessem suas ações com bastante ou pouca aceitação dos público. Contudo, a torcida maior era mesmo por Clara, porque ainda preponderava o senso comum onde a mãe é aquela que carrega o bebê em seu ventre.

3- Glória Perez propôs uma discussão científica e apresentou um excelente filão dramático ao manipular as emoções e conduzir a trama sem jamais deixar cair o interesse, mesmo quando a novela recebeu ordem de espichamento. (Site Teledramaturgia)

4- Sobre a resolução da guarda da criança, após o seu nascimento, Ana (Cássia Kis) e Clara (Cláudia Abreu) compartilham a maternidade do bebê e a questão é decidida nos tribunais. Para estipular a decisão final sobre quem tinha o direito de ficar com o menor, Glória Perez recorreu à assessoria de três juízes e solicitou-lhes que deixassem uma abertura nas sentenças para que ela conseguisse argumentar sobre o encaminhamento do processo em três instâncias da Justiça no roteiro. No caso em questão, primeiro Clara ganhou a guarda provisória do bebê, depois Ana recorreu e o Superior Tribunal de Justiça reconheceu que ela era a mãe biológica do menino e, por fim, foi agendado um terceiro julgamento, mas a novela acabou antes, deixando o o público sem o veredito final.

5- No começo, Barriga de Aluguel teria 189 capítulos, porém, a novela ganhou mais 54 por conta do atraso da novela Salomé, que seria apresentada posteriormente na faixa. O enredo foi uma das produções mais extensas realizadas pela TV Globo. Até aquele momento, só ultrapassaram essa marca a primeira versão de Selva de Pedra (1972), que teve o mesmo número de capítulos e Irmãos Coragem, apresentada entre 1970 e 1971, com 328 capítulos.

Cláudia Abreu (Clara) e Eri Johnson (Lulu) em cena da novela. Discussão científica sobre inseminação artificial, disputa entre mães pela guarda de um bebê e um elenco afiado foram alguns diferenciais do folhetim. (Foto: Divulgação/Globo)

6- As gravações externas de Barriga de Aluguel aconteceram na cidade cenográfica de Guaratiba, localizada na zona oeste do Rio de Janeiro, a qual o cenógrafo Luiz Antonio Caligiuri refez um bairro de subúrbio carioca habitual e projetou 82 ambientes, onde um deles foi o hospital. 

7- Gloria Perez retomou os personagens Molina (Mário Lago) e miss Brown (Beatriz Segall) em 2001, na novela O Clone. Os médicos retornaram para entrar na discussão sobre a clonagem humana. Já em Barriga de Aluguel, a autora trouxe de volta a personagem Sulamita, papel de Marilu Bueno em sua novela anterior, Partido Alto, de 1984, para realizar uma participação especial na história.

8- O impacto de Barriga de Aluguel fez o público debater sobre os direitos das duas mães. A autora elaborou na trama uma repórter que ia às ruas extrair depoimentos das pessoas, que davam a sua opinião sobre qual das mães deveria ficar com o bebê ao término da história. Também foram entrevistados especialistas como médicos, psicólogos, religiosos e personalidades populares para comentar sobre o caso relatado no enredo.

9- A novela destacou o talento da atriz Cláudia Abreu. Ao interpretar a mãe de aluguel Clara, a artista mostrou versatilidade ao viver o drama de sua personagem, em meio a uma gravidez problemática, diversos desencontros amorosos e a afeição pela criança concebida em seu ventre.

10- Glória Perez relatou sobre o final de sua novela ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo:“Aquela era uma situação para a qual as instituições, as leis, ainda não tinham uma resposta. Por isso decidi deixar em aberto. As duas personagens chegavam à conclusão de que, quer elas quisessem, quer não, aquele filho tinha duas mães. Então elas se uniam, cada uma dava sua mão à criança, e a novela terminava assim.”

11- A abertura – produzida pela equipe do designer gráfico Hans Donner – fazia uma analogia poética da gestação com o universo. Um cenário estrelado, efeitos de luz e sombra e inteligentes enquadramentos transformavam a barriga de uma gestante em um planeta. O vídeo culminava com uma forte luz surgindo no abrir das pernas e sobre o ventre da moça, fazendo uma elegante associação com o nascer do sol e o ato de “dar a luz”. (André Luiz Sens, blog Televisual)

Cássia Kis (Ana) e Victor Fasano (Zeca) nos bastidores de Barriga de Aluguel. O impacto da trama fez o público discutir sobre os direitos das duas mães. (Foto: Divulgação/Globo)

12- Uma tragédia ocorreu com o ator Bruno Moreira, que interpretou o bebê Carlinhos/Júnior, que foi disputado pelas personagens Clara (Cláudia Abreu) e Ana (Cássia Kis) durante a novela. Ele trabalhava como motorista de aplicativo quando foi morto em junho de 2022 com um tiro na cabeça em Marechal Hermes, bairro da zona norte do Rio de Janeiro. Esse foi o único trabalho de Bruno Moreira em televisão.

13- A atriz Ilka Soares realizou uma participação especial na novela como a mãe de Zeca (Victor Fasano). A produção também contou com a participação especial do cantor jamaicano Jimmy Cliff, que cantou no Copacabana Café (cenário da trama) a música “Rebel in Me”. Curiosamente, a canção não contemplava a trilha sonora internacional da novela, podendo ser escutada apenas na novela das oito da época, Rainha da Sucata, e não na trilha de Barriga de Aluguel.

14- Primeira novela na Globo dos atores Victor Fasano, Jairo Mattos, Tereza Seiblitz, Marcelo Saback, Renato Rabelo e Daniella Perez. Primeiro trabalho em televisão da pequena Alessandra Aguiar, com apenas 3 anos na época. Também foi o primeiro trabalho de destaque de Humberto Martins, que interpretou o caminhoneiro João, homem humilde e bronco apaixonado por Clara.

15- Em sua trilha sonora, além da romântica “Aguenta Coração”, canção composta por Paulo Sergio Kostenbader Valle, Prentice Maciel Teixeira e Edson Vieira De Barros, famosa na voz do cantor José Augusto, tonou-se um grande sucesso de público a música “Nuvem de Lágrimas”, de Paulo Debétio e Paulinho Rezende, interpretada por Fafá de Belém, tema do personagem de Humberto Martins.

16- Barriga de Aluguel foi comercializada e apresentada para mais de 30 países, entre os quais estavam Alemanha, Bélgica, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, Grécia, Itália, Moçambique, Peru, Rússia, Suíça e Turquia.

17- A trama foi reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo entre 05 de julho e 05 de novembro de 1993. A novela retornou também no Viva (Grupo Globo), entre 01 de dezembro de 2011 e 06 de novembro de 2012, às 16h30.

Cassia Kis (Ana), Bruno Moreira (Carlinhos/Júnior) e Cláudia Abreu (Clara) em Barriga de Aluguel. Novela inesquecível retorna definitivamente no Globoplay. (Foto: Irineu Barreto/Agência O Globo)

18- O primeiro título pensado para a novela foi Novos Tempos. (“Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa)

Fontes: Sites Memória Globo, Teledramaturgia e TV História.

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