A Muralha no Globoplay: 20 curiosidades sobre a minissérie

Grande produção da televisão brasileira, a minissérie A Muralha, de Maria Adelaide Amaral com colaboração de Vincent Villari e João Emanuel Carneiro, retorna hoje (03/04), definitivamente no catálogo do Globoplay, plataforma de streaming da Rede Globo. Produzida e exibida pela emissora entre 4 de janeiro a 31 de março de 2000, em 51 capítulos, a minissérie dirigida por Alexandre Avancini e Luiz Henrique Rios, contou com a direção geral de Denise Saraceni (também diretora de núcleo) e Carlos Araújo. Com uma trama belíssima, reconstituição de época impecável e uma história envolvente do começo ao fim, a minissérie foi um grande sucesso, agradando o público e a crítica da época. Ainda, nomes de destaque como Alessandra Negrini, Leandra Leal, Letícia Sabatella, Vera Holtz, Leonardo Brício, Débora Evelyn, Mauro Mendonça e Tarcísio Meira, entre outros, garantiram ainda mais qualidade ao folhetim baseado na história do Brasil colônia. Por isso, vale relembrar esse grande clássico contemporâneo livremente inspirado no romance homônimo de Dinah Silveira de Queiroz, com os motivos para acompanha-lo novamente através da plataforma on-demand global.

Beatriz (Leandra Leal) e Tiago (Leonardo Bricio) em cena de “A Muralha”. Obra de sucesso retorna definitivamente no Globoplay. (Foto: Nelson Di Rago/TV Globo)

1- Nova adaptação para a TV do livro “A Muralha”, romance histórico ufanista escrito por Dinah Silveira de Queiroz (1911-1982), lançado em 1954 na comemoração aos 400 anos da cidade de São Paulo. Sua trama celebra a coragem e a valentia de bandeirantes que desbravaram as fronteiras do país. (Site Teledramaturgia)

2- Em 1999, Daniel Filho, então diretor artístico da Globo, pediu aos autores Dias Gomes, Lauro César Muniz, Sérgio Marques, Ferreira Gullar e Maria Adelaide Amaral e mais cinco diretores de núcleo que mostrassem projetos de minisséries históricas afim de festejar os 500 anos de Descobrimento do Brasil no ano posterior, 2000. Cada um optou por uma época e Maria Adelaide ficou com o século 16. Assim, ela propôs uma nova adaptação do livro “A Muralha”.

3- A produção da minissérie obteve o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai), a participação de índios de tribos brasileiras diversas e a assessoria de caciques e pajés, especialmente para a fabricação de objetos de cena, de enfeites a ocas.

4- Para adquirir as imagens da caravela usada no primeiro capítulo, uma parte da equipe viajou para Pensacola (EUA), onde realizou tomadas na Colombo Foundation. As cenas foram realizadas em uma das naus utilizadas no longa metragem 1492 – A Conquista do Paraíso (1992), de Ridley Scott, tida por muitos como a mais impecável réplica das embarcações da época.

5- A minissérie da Globo foi a quarta adaptação do livro para a televisão. As anteriores foram adaptadas como novelas. As duas primeiras versões foram exibidas quando as telenovelas ainda não passavam diariamente: na TV Tupi, em 1958, e na TV Cultura, em 1963. A adaptação de maior êxito ocorreu na TV Excelsior, em 1968, escrita pela terceira vez, por Ivani Ribeiro.

6- Este novo remake da Globo, realizada por Maria Adelaide Amaral e seus colaboradores (João Emanuel Carneiro e Vincent Villari), foi um grande momento da televisão, a qual quase tudo foi perfeito. Uma superprodução exibida em um ano onde havia muito para festejar: 35 anos de aniversário da TV Globo, 50 anos de TV no país, e 500 anos de Descobrimento do Brasil (a minissérie falava sobre os primeiros anos da colonização portuguesa no país).

Ana (Letícia Sabatella) e Dom Jerônimo (Tarcísio Meira) em cena de “A Muralha”. Minissérie da Globo foi a quarta adaptação do livro homônimo escrito por Dinah Silveira de Queiroz (Foto: Reprodução/TV Globo)

7- Para as cenas que continham araras, capivaras, jaguatiricas, onças, emas, macacos, cobras ou veados, a produção contou com o auxílio do Ibama, que chamou uma bióloga e um veterinário para ajudarem os animais. A Vila de São Paulo abrangeu uma área de 10.000 m², perto da Central Globo de Produção.

8- No início, Tarcísio Meira, estava cotado para fazer o papel de dom Braz. Contudo, o veterano terminou como o grande vilão do enredo, dom Jerônimo. Mauro Mendonça, que já havia feito o personagem na versão que foi ao ar pela TV Excelsior, pôde retornar ao papel na minissérie da TV Globo. Outras interpretações, como de Matheus Nachtergaele, Alessandra Negrini, Leonardo Brício e Maria Maya, tiveram grande êxito com a crítica, recebendo diversos elogios.

9- Para recontar a narrativa, Maria Adelaide alterou o tempo da ação. O romance original ocorria no século 18 e havia como cenário a Guerra dos Emboabas. A autora trouxe a obra para o final do século 16 e relatou o começo da colonização do Brasil, a luta pela sobrevivência dos portugueses em uma terra nova e selvagem em uma época onde os bandeirantes paulistas exploravam terras e escravizavam os índios enquanto os primeiros jesuítas chegavam ao país.

10- Das minisséries históricas solicitadas para os autores citados acima, a única que foi levada adiante foi “A Muralha”. Com isso, a trama teve a sua duração dobrada, fazendo a autora elaborar personagens e enredos que não haviam no livro original. Um exemplo foi o núcleo de Dom Jerônimo (Tarcísio Meira), que chegou a se tornar um dos principais enredos que despertaram o interesse do público.

11- Dom Jerônimo foi um dos grandes momentos de Tarcísio Meira em televisão. Seu papel como vilão lhe rendeu o prêmio de melhor ator de 2000 da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). A associação também concedeu à minissérie o Grande Prêmio da Crítica do ano.

Isabel (Alessandra Negrini) e Dom Braz (Mauro Mendonça) em cena da minissérie. Quarta adaptação do livro de Dinah Silveira de Queiroz teve sua duração dobrada. (Foto: Reprodução/TV Globo)

12– Para a produção de “A Muralha”, foram viabilizadas uma equipe de 200 pessoas, entre os quais estavam Caciques e pajés de tribos brasileiras. Eles acompanharam a montagem de diversas cidades cenográficas que cobriam suas aldeias. Elaborada perto do Projac, a Vila de São Paulo abrangeu uma área de 10 mil metros quadrados.

13- o debate sobre a fé foi largamente discutida no enredo, através da abordagem relacionada a catequização dos índios em oposição a perseguição a judeus e hereges.

14- A trilha sonora da minissérie foi composta por Sérgio Saraceni especificamente para a produção, com exceção do tema de abertura – Floresta do Amazonas, de Heitor Villa-Lobos.

15- A Muralha foi bem além das expectativas da TV Globo em questão de sucesso de público. Em 2002, a obra foi vendida por meio de canais pay-per-view e, no mesmo ano, divulgada em DVD.

16- Primeiro trabalho de João Emanuel Carneiro na TV, aceitando um convite do diretor Daniel Filho. O autor de Avenida Brasil (2012), vinha do sucesso do longa-metragem Central do Brasil (1998), que roteirizou em parceria com Marcos Bernstein. Segundo o depoimento de João Emanuel ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, Daniel Filho queria uma pessoa para conceder um ar mais cinematográfico à produção. Ele ressaltou ainda que se aplicava mais ao núcleo de Dom Jerônimo (Tarcísio Meira).

17- O sucesso da minissérie estimulou a comercialização de mais de 18 mil exemplares do romance que a fez surgir, há vários anos fora de registro.

18- A Muralha foi comercializada para vários países, entre os quais estavam Chile, Costa Rica, Guatemala, Letônia, Moçambique, Nicarágua, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana e Venezuela.

19- A produção épica foi o início na Globo da atriz Regiane Alves e do ator Leonardo Medeiros.

Tarcísio Meira interpretou Dom Jerônimo em “A Muralha”. Atuação impecável rendeu elogios da crítica e prêmios ao ator. (Foto: Reprodução/TV Globo)

20 – A minissérie foi reapresentada de 17 de agosto a 3 de setembro de 2004, de maneira resumida (39 capítulos), somente para o Distrito Federal, depois do Jornal Nacional. No restante do país era exibido o Horário Eleitoral Gratuito. Reapresentada também entre 21 de janeiro e 31 de março de 2008 (em 51 capítulos) no Faixa Comentada do Futura (canal de TV por assinatura da Rede Globo) e também através do Viva (outro canal de TV a cabo da Globo), às 23h45, em duas oportunidades: entre 15 de março e 24 de maio de 2011, e de 29 de junho a 07 de setembro de 2015.

Fontes: Sites Memória Globo e Teledramaturgia.

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