Senhora do Destino no Viva: 22 curiosidades sobre a novela fenômeno

Grande fenômeno de Aguinaldo Silva, a novela Senhora do Destino retorna hoje (13/03) às 22h50, no Canal Viva, televisão por assinatura pertencente ao Grupo Globo. Produzida e exibida originalmente pela emissora carioca no seu tradicional horário das 20/21h, de 28 de junho de 2004 a 11 de março de 2005, em 221 capítulos, a trama com núcleo e direção geral de Wolf Maya, é lembrada pelo enorme apelo popular e personagens marcantes da cultura pop como Giovanni Improta, personagem ‘felomenal’ interpretado por José Wilker e Nazaré Tedesco, vilã imortalizada pela atriz Renata Sorrah. Além disso, um enredo envolvente, atuações de destaque e uma direção primorosa, fizeram do folhetim uma das novelas mais emblemáticas dos anos 2000. Por isso, vale relembrar algumas curiosidades do folhetim que tinha nomes como Susana Vieira, Renata Sorrah, Carolina Dieckmann, José Wilker, José Mayer, Eduardo Moscovis, Letícia Spiller e Leonardo Vieira nos papéis principais, com os motivos para acompanha-la novamente através do canal de TV por assinatura do Grupo Globo.

Susana Vieira (Maria do Carmo), Carolina Dieckmann (Isabel/Lindalva) e Renata Sorrah (Nazaré Tedesco) foram as protagonistas de “Senhora do Destino”, que retorna hoje no Canal Viva. (Foto: João Miguel Jr/ TV Globo)

1- Um grande sucesso da TV, recordista de audiência entre as novelas da década de 2000: fechou com média de 50,31 pontos no Ibope da Grande São Paulo. Ótimo desempenho na audiência inclusive nas duas reprises no Vale a Pena Ver de Novo, em 2009 e 2017. (Site Teledramaturgia)

2- Senhora do Destino trouxe menções biográficas do próprio autor, Aguinaldo Silva, um nordestino que também saiu de sua terra natal (Carpina, em Pernambuco), para morar na região Sudeste do país. O nome da personagem principal da trama, Maria do Carmo Ferreira da Silva, e o do personagem Sebastião são homenagens à sua mãe e a um tio, irmão dela. Além do mais, o novelista trabalhou por muito tempo como jornalista. Por conta do ofício, inclusive, ele ficou 70 dias preso na Ilha das Flores, em 1969, por ter escrito o prefácio dos Diários de Che Guevara. Curiosamente, a novela foi exibida 40 anos após o golpe militar de 1964.

3- Nos primeiros capítulos do folhetim, numa clara alusão ao romance Vidas Secas, de Graciliano Ramos, a cachorra Baleia é atropelada ao acompanhar a família, que estava seguindo viagem em um pau de arara. Em uma sequência comovente, Maria do Carmo (Carolina Dieckmann) e os filhos retornam à estrada e enterram o animal, para que ela não seja devorado pelos carcarás. Em uma participação especial do músico Alceu Valença, a melancolia do momento é acentuada pela música “Asa Branca”, afinada por um sanfoneiro cego, interpretado pelo artista.

4- A novela foi o primeiro trabalho onde o autor Aguinaldo Silva e o diretor Wolf Maya estiveram juntos. A parceria dos dois retornaria em outras produções marcantes, posteriormente.

5- Durante a trama de sucesso exibida entre 2004 e 2005, Maria do Carmo (Susana Vieira) enfrenta uma sucessão de problemas, porém, sai vitoriosa na vida com ética e coragem. A homenagem à retirante foi ainda mais clara no final da produção, quando Maria do Carmo se torna enredo da Unidos de Vila São Miguel. Ela, os filhos, netos, noras e amigos desfilam na escola.

6- Uma das cenas mais memoráveis da novela é quando a jovem Maria do Carmo (Carolina Dieckmann) dá banho em sua filha no Rio São Francisco. Aguinaldo Silva ressaltou essa e outra cena, o reencontro entre a mãe Maria do Carmo (Susana Vieira) e a filha (Carolina Dieckmann), onde ela não pode falar que é sua mãe.

Leandra Leal (Maria Cláudia/”Claudinha”), Leonardo Viera (Leandro) e Tânia Khalill (Marinalva/ “Nalva”) nos bastidores de “Senhora do Destino”, novela fenômeno de audiência exibida entre 2004 e 2005. (Foto: Gianne Carvalho/ TV Globo)

7- O papel de Josefa Magalhães Duarte Pinto, interpretada pela também apresentadora Marília Gabriela, foi baseada em três mulheres que eram proprietárias de importantes jornais cariocas no período da ditadura: a Condessa Pereira Carneiro, do Jornal do Brasil; Niomar Moniz Sodré, do Correio da Manhã; e Ondina Dantas, do Diário de Notícias. Nascidas no nordeste, as três assumiram a administração dos jornais por herança, depois do falecimento de seus respectivos maridos. Especificamente, o estilo da personagem se parece mais com a de Niomar Moniz Sodré, segunda mulher do jornalista Paulo Bittencourt, chefe do Correio da Manhã, que faleceu em Estocolmo, no ano de 1963, e concedeu o jornal a ela em seu testamento.

8- Nazaré (Renata Sorrah) entrou para a história da teledramaturgia nacional como uma das maiores vilãs de todos os tempos. A escada da casa da personagem e sua tesoura viraram símbolos da sua personalidade psicótica. Ao mesmo tempo, Nazaré provocava risadas com seus xingamentos – entre outras expressões, ela se referia a Maria do Carmo (Susana Vieira) como “anta nordestina”, chamava Cláudia (Leandra Leal) de “songa monga” e Josivaldo (José de Abreu) de “flageladão” – e também fazia rir nas cenas em que se auto elogiava diante do espelho. Entre suas “pérolas”, dizia frases como: “Gostosa! Impressionante como o tempo só te valoriza”, “Eu nasci linda e loira. Uma alemãzona!”, “Loiraça gostosa, gostosona, bocão. Ah, se eu te pego!”, “Você é má… maravilhosa!”, “Eu sou boa pra dedéu”, “Raposa linda, loira e felpuda”, “Quando crescer quero ser que nem você, Nazaré Tedesco”. As cenas da personagem deixavam os telespectadores grudados na tela. (Memória Globo)

9- O personagem Giovanni Improtta, feito magistralmente pelo ator José Wilker, foi extraído do livro O Homem que Comprou o Rio, de Aguinaldo Silva (Brasiliense, 1986). Entre as frases marcantes ditas pelo bicheiro na trama estão: “Há malas que vêm de trem!”; “Vou me pirulitar-me”; “Não esqueça do meu lema: com Giovanni Improtta não tem problema”; “Então fica o dito pelo não dito, o não dito pelo dito e, como sempre, vale o escrito”; “Aqui se faz, aqui se paga. Na vida, como no restaurante, a conta sempre chega”; “A vaca vai voar!”, “O tempo urra, e a Sapucaí é longa!”, “Giovanni Improtta, em charme e osso”.

10- O capítulo de maior audiência do fenômeno escrito por Aguinaldo Silva foi exibido no dia 26 de outubro, uma terça-feira. Nesse dia, foi transmitida a tão esperada surra que a protagonista Maria do Carmo (Susana Vieira) deu na sua arqui rival Nazaré (Renata Sorrah).

Renata Sorrah foi a vilã Nazaré Tedesco em “Senhora do Destino”. Personagem de sucesso até hoje é lembrada por memes na internet, muito por conta da interpretação visceral da atriz. (Foto: João Miguel Júnior/Globo)

11- Restando três meses para o término do folhetim, Raul Cortez precisou se ausentar da novela devido ao tratamento de um câncer. Enquanto isso, o autor Aguinaldo Silva criou uma viagem para o personagem. Raul Cortez retornou ao set para gravar uma aparição do Barão no final do enredo, quando ele e a Baronesa Laura (Glória Menezes) viajam para a Europa. A ausência do ator levou o novelista a dar mais espaço na obra para o mordomo Alfred, papel de Ítalo Rossi. Senhora do Destino foi a última novela de Cortez, que faleceu de câncer em julho de 2006.

12- A novela teve diversas participações especiais como, por exemplo, Roberto Bomtempo, intérprete do taxista Gilmar, comparsa de Nazaré (Renata Sorrah). Seu personagem foi assassinado por ela depois de tentar chantageá-la. Paulo José fez o médico que detinha o segredo da esterilidade de Nazaré. Lima Duarte fez o papel do senador corrupto Victorio Vianna, personagem que já tinha dado expediente na novela Porto dos Milagres (2001), de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares.

13- Outras participais especiais de destaque marcaram Senhora do Destino. Vera Fischer interpretou Vera Robinson, ex-Miss Brasil e ex-namorada de Leonardo (Wolf Maya). Ela foi contratada na trama para seduzir Viriato (Marcello Antony) e, após isso, incriminá-lo por assédio sexual. O papel foi uma homenagem à atriz, eleita Miss Brasil em 1969. Felipe Camargo entrou no folhetim como Edmundo, um advogado salafrário que possui um romance com Nazaré. Flávio Galvão fez Jorge Maciel, advogado de Guilhermina (Marília Gabriela). Já Jayme Périard interpretou o médico de Laura (Glória Menezes). Por fim, o jogador de vôlei Tande realizou uma participação especial na cena onde Nazaré foge.

14- A primeira fase da novela, que ocorre em 1968, precisou de uma pesquisa aprofundada das equipes de figurino, cenografia e produção de arte. Para reproduzir o ambiente temporal do centro do Rio, foi preciso pintar paredes, remanejar placas e utilizar o emprego de tapadeiras nos sets de gravação afim de esconder a arquitetura contemporânea da cidade. As cenas da passeata precisaram da confecção de 500 faixas escritas e o endereçamento de um Galaxie, que foi cromado e ganhou estofamento adequado com o período histórico retratado.

15- Na Central Globo de Produção (Projac) foram projetadas duas cidades cenográficas. Vila São Miguel, baseada em cidades da Baixada e bairros do subúrbio do Rio, foi levantada em uma área de mais de dez mil² e abrangia a casa e a loja de materiais de construção de Maria do Carmo (Susana Vieira), um mini-shopping com 12 lojas, o prédio dos negócios de Giovanni Improtta (José Wilker), dois prédios comerciais, uma igreja, uma escola e um posto de gasolina com loja de conveniência e videolocadora.

Raul Cortez (Pedro) e Glória Menezes (Laura) em “Senhora do Destino”. Novela fenômeno de Aguinaldo Silva falou sobre o mal de alzheimer, além de ter sido o último trabalho de Cortez em vida. (Foto: Reprodução/ TV Globo)

16- Várias cenas do desfile da escola de samba Unidos de Vila São Miguel, mostradas no término da novela, foram gravadas durante o desfile oficial da escola de samba carioca Grande Rio, no Sambódromo, no Carnaval. O samba-enredo entoado na trama foi elegido pelo diretor Wolf Maya entre cinco composições enviadas pela Grande Rio, onde os integrantes e músicos da bateria apareceram no ar.

17- No folhetim, Aguinaldo Silva falou sobre temas sociais relevantes para a sociedade como a violência contra a mulher, através da família de Rita (Adriana Lessa), o uso de drogas e a gravidez na adolescência, principais ações de merchandising do enredo. O novelista também deu ênfase a “produção independente”, onde a personagem abria mão da presença do pai na criação do filho através de Yara (Helena Ranaldi). O mal de Alzheimer foi retratado por conta da personagem Laura (Glória Menezes); e os problemas encarados pelos aposentados, através de Seu Jacques (Flávio Migliaccio).

18- Renata Sorrah, a vilã Nazaré, se divertia com as vestimentas utilizadas por sua personagem, que incluía vestidos justos e decotados, alguns em veludo, além de transparências que a faziam ter uma semelhança grande com uma estrela de cinema. Ela venceu o prêmio de melhor atriz de televisão de 2004 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), por sua interpretação como a loira maquiavélica. Sorrah também foi a grande ganhadora do Troféu do Troféu Imprensa de melhor atriz do ano. Além dela, José Wilker levou o APCA e o Troféu Imprensa de melhor ator, e Senhora do Destino venceu o Troféu Imprensa como a melhor novela do ano.

19- Primeira novela da jornalista, apresentadora e atriz Marília Gabriela. E de Dado Dolabella, que tinha atuado um tempo antes em Malhação e na minissérie A Casa das Sete Mulheres. Foi também o primeiro vilão da carreira de Eduardo Moscovis em televisão como Reginaldo, filho mais velho de Maria do Carmo.

20- Senhora do Destino retornou no Vale a Pena Ver de Novo em duas oportunidades. Primeiro, entre 02 de março e 21 de agosto de 2009, em 123 capítulos. A segunda reapresentação do folhetim aconteceu entre 13 de março e 08 de dezembro de 2017, e de novo com sucesso. Foi, inclusive, a mais extensa reprise da história do Vale a Pena Ver de Novo, onde os 221 capítulos originais se transformaram em 195.

21- Em 2020, a novela foi eleita pelo jornal espanhol 20 minutos como a 5ª melhor telenovela brasileira de todos os tempos.

José Wilker (Giovanni Improtta), Susana Vieira (Maria do Carmo) e José Mayer (Dirceu) nos bastidores de “Senhora do Destino”, obra que foi recordista em audiência das novelas dos anos 2000. (Foto: Gianne Carvalho/ TV Globo)

22- A produção foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 19 de setembro de 2022 – apesar de já possuir a versão editada do Vale a Pena Ver de Novo na plataforma.

Fontes: Sites Memória Globo e Teledramaturgia.

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