Grande clássico da teledramaturgia brasileira, a novela Dancin’ Days, de Gilberto Braga, retorna hoje (13/02), definitivamente pelo Globoplay, plataforma de streaming da Rede Globo. Produzida e exibida pela emissora, em sua tradicional faixa das 20 horas, de 10 de julho de 1978 a 27 de janeiro de 1979, em 174 capítulos, essa trama inesquecível marcou por popularizar comportamentos, ditar tendências de moda (como as meias coloridas de lurex) e fisgar a audiência em frente a TV, com um enredo marcante e muito bem escrito por Gilberto Braga sobre uma mãe que tenta recuperar o amor da filha após mais de 10 anos presa. Ainda, uma direção inspirada de nomes como Daniel Filho (também diretor geral), Gonzaga Blota, Dennis Carvalho, Marcos Paulo e José Carlos Piéri e um elenco de peso com talentos como Sônia Braga, Antônio Fagundes, Joana Fomm, Pepita Rodríguez, Reginaldo Faria, Glória Pires, Lauro Corona e Lídia Brondi nos papéis centrais, garantiram o êxito do folhetim. Por isso, vale relembrar 20 curiosidades desta obra-prima das novelas, com os devidos motivos para acompanha-la novamente dentro da plataforma on-demand global.
1- Gilberto Braga elaborou uma obra envolvente que, associada à novidade das discotecas, transformou Dancin´Days num dos grandes e memoráveis sucessos da história da televisão brasileira – fenômeno este não pretendido e aguardado nem mesmo pelo autor.
2- A ideia da trama começou a partir de uma concepção de Janete Clair, mestra de Gilberto, que tinha visto uma reportagem sobre ex-presidiárias que buscavam retomar a sua vida em sociedade. O título previsto inicialmente do trabalho era A Prisioneira.
3 – Dancin’ Days foi o ‘debute’ de Gilberto Braga no horário nobre da Globo. O autor já havia escrito sucessos às 18 horas, como Senhora, Escrava Isaura e Dona Xepa, e recebeu o auxílio do diretor Daniel Filho, que o ajudou na idealização da novela. Daniel disse em seu livro “Antes que me Esqueçam”: “Eu sentia que a novela poderia – e deveria – retratar uma época em que todos vivíamos freneticamente, uma época densa, de amor livre, uma época libertária, com as drogas em seu auge.”
4- Os figurinos de ‘Dancin’ Days’ foram produzidos por Marília Carneiro, que idealizou o uso das meias de lurex com sandálias de salto alto fino e criou uma calça de jogging de cetim com listras laterais para a mudança da personagem Júlia Matos (Sônia Braga), um dos acessórios mais emblemáticos quando se comenta da trama e que consagrou o folhetim. Marília Carneiro realizou, inclusive, uma visita ao presídio feminino Talavera Bruce, em Bangu (RJ), para pesquisar uma forma de compor o vestuário e a aparência da protagonista, que no começo da novela apareceu com os dentes escurecidos afim de reproduzir o semblante de uma mulher que esteve mais de dez anos presa.
5- O responsável pela cenografia de Dancin’ Days foi Mário Monteiro. Ele elaborou três cenários fixos para a produção: a discoteca, o apartamento de Yolanda (Joana Fomm) e a casa de Celina (Beatriz Segall) e Franklin (Cláudio Correa e Castro). Foram construídos nos estúdios Herbert Richers, no Rio de Janeiro, diversos cômodos: 12 quartos, 4 banheiros, 14 salas de jantar, 16 salas de estar, 1 loja de antiguidades e 1 academia de ginástica. Além disso, algumas gravações externas da novela foram realizadas na discoteca Hippopotamus, no Rio de Janeiro.
6- A novela instaurou o estilo de Gilberto Braga, lembrado sempre pelo debate dos valores da classe média e das elites urbanas. Para escrever o enredo da obra, o novelista não poupou em romantismo e sarcasmo, dois elementos marcantes de seu universo na ficção.
7- Dancin’ Days também utilizou como referência na história ‘Os Embalos de Sábado à Noite’, longa metragem de John Badham protagonizado por John Travolta. Campeão de bilheteria, o filme norte americano estimulou o grande êxito das discotecas mundialmente. Além disso, pouco tempo antes da estreia do folhetim, fazia ‘barulho’ no Rio de Janeiro a discoteca inaugurada pelo jornalista e produtor musical Nelson Motta.
8- Em 1978, ‘Dancin’ Days’ foi assunto de uma reportagem da revista americana Newsweek que evidenciou a relevância do enredo sobre os hábitos de consumo do público. Além de criar modismos, como meias coloridas de lurex, retrato de uma geração, a novela possibilitou o aumento progressivo de vendas de produtos como água-de-colônia e sandália de salto fino. Foram comercializadas, inclusive, 400 mil bonecas Pepa, brinquedo da personagem Carminha (Pepita Rodrigues).
9- Intérprete do personagem Alberico, o ator Mário Lago emocionou o público como uma pessoa sofisticada e saudosa, típico morador de Copacabana – cenário assíduo nas tramas de Gilberto Braga.
10- Em princípio destinado a Norma Bengell, a personagem Yolanda Pratini caiu como uma luva para Joana Fomm, que brilhou como a amarga socialite irmã de Júlia. Norma se desentendeu com Daniel Filho, e Joana terminou com o papel. Inicialmente destinada para Fomm, a atriz Regina Vianna foi chamada para realizar o papel da personagem Neide.
11- Em janeiro de 1979, a socialite carioca Leda Castro Neves criou uma discoteca em sua mansão na Barra da Tijuca e compartilhou convites onde convocava fãs de ‘Dancin’ Days’ a comparecerem trajadas como os personagens da novela afim de efetivarem o sonho de participar de uma das noites de festa e diversão que eram evidenciadas diariamente a cada capítulo. Dezenas de colunáveis apareceram no lugar e passaram a visitar a mansão dos Castro Neves periodicamente. As mulheres utilizavam peles de onça, calças de cetim, lamês e tecidos prateados parecidos aos que a protagonista Júlia consumia durante a trama.
12- O público de Dancin’ Days confundia com a realidade, diversas vezes, o que era mostrado nos capítulos do folhetim das oito da noite. Joana Fomm recebia quase rotineiramente ofensas e até propostas obscenas por telefone, devido às vilanias de Yolanda Pratini, sua personagem. Durante entrevista na época, Gilberto Braga afirmou que até sua cozinheira tinha desligado o telefone na cara da atriz.
13- O ator Lauro Corona foi revelado nas novelas da Globo com ‘Dancin’ Days’. Seu personagem fazia casal romântico com Marisa, papel de Gloria Pires, que possuía 15 anos na época.
14- A novela foi a primeira prática efetiva de Marcos Paulo atrás das câmeras. O diretor havia chegado recentemente de Nova York, local a qual realizara um curso de direção de cinema. A pedido de Daniel Filho, Marcos Paulo passou a participar da equipe de diretores da trama em parceria com Dennis Carvalho e José Carlos Pieri.
15- No ano de 2010, Sonia Braga e Antonio Fagundes reeditaram a parceria como casal em cena no episódio ‘A Adúltera da Urca’ da série ‘As Cariocas’, baseada no livro homônimo de Sérgio Porto. Seus papeis no enredo foram nomeados como Júlia e Cacá, assim como em ‘Dancin’ Days’, em uma singela homenagem do diretor Daniel Filho à obra de Gilberto Braga.
16- ‘Dancin’ Days’ foi exibida pela rede mexicana Televisa, uma das maiores exportadoras de telenovela do mundo. Foi a primeira vez que o México, inclusive, exibiu uma novela brasileira. Vale lembrar que o país latino possui grande tradição na produção de teledramaturgia,
17 – A trama foi comercializada para cerca de 40 países, entre eles: Argélia, Bélgica, Bolívia, China, Colômbia, Espanha, França, Polônia, Portugal e Uruguai. Aliás, uma curiosidade importante é que na Itália a obra chegou a conquistar um público médio de quatro milhões de pessoas por capítulo.
18- Em outubro de 2011, trinta e três anos depois de sua exibição no Brasil, ‘Dancin’ Days’ foi reeditada e publicada em DVD pela Globo Marcas. Ainda, a novela teve um remake em 2012, adaptado por Pedro Lopes, numa parceria da SIC com a Globo.
19- A trama venceu o troféu da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), de 1978, nas categorias de melhor atriz para Gracinda Freire, Joana Fomm e Yara Amaral, revelação masculina para Lauro Corona e revelação feminina para Glória Pires.
20- A TV Globo editou Dancin´ Days para uma exibição especial de uma hora e meia, na noite do dia 18 de fevereiro de 1980. Apresentado por Glória Pires, a Marisa da trama, a reapresentação única do folhetim fez parte do Festival 15 Anos da emissora. Também, a novela foi reexibida entre 04 de outubro e 17 de dezembro de 1982, às 22 horas, em 50 capítulos. Trinta e dois anos depois, em 2014, a novela ganhou uma nova reapresentação através do Viva (canal de TV por assinatura do Grupo Globo) de 07 de abril a 25 de outubro de 2014, à meia-noite (com reprise do capítulo ao meio-dia do dia seguinte). O canal fechado mostrou a versão internacional da novela, porém, editada para deixá-la com 174 capítulos (os mesmos da sua exibição original).
Fontes: Sites Memória Globo e Teledramaturgia.
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