Segunda versão do clássico de Janete Clair exibido em 1972, o remake da novela Selva de Pedra retorna hoje (10/10), definitivamente pelo Globoplay, plataforma de streaming pertencente à Rede Globo. Produzida e exibida originalmente pela emissora no seu tradicional horário das 20h, de 24 de fevereiro a 22 de agosto de 1986, em 155 capítulos, a trama escrita e adaptada por por Regina Braga e Eloy Araújo ficou marcada pelo sucesso, mesmo não repetindo o fenômeno de audiência e repercussão da sua primeira versão. Com direção de Walter Avancini, Dennis Carvalho, Ricardo Waddington e José Carlos Pieri, e a direção geral de Dennis Carvalho, um elenco repleto de estrelas com atuações convincentes de Tony Ramos, José Mayer, Sebastião Vasconcelos, Maria Zilda, Miguel Falabella, Christiane Torloni e Fernanda Torres (com algumas ressalvas), entre outros, marcaram positivamente o folhetim. Por isso, vale relembrar 20 curiosidades sobre a novela com os devidos motivos para assisti-la novamente através da plataforma on-demand global.
1- A Globo demorou a definir pela trama que ficaria no lugar de Roque Santeiro, tendo em vista que precisaria manter os índices altos no horário. Assim, foi necessário prolongar o folhetim de Dias Gomes e Aguinaldo Silva. Glória Perez, então, mostrou a cúpula da emissora a sinopse de Barriga de Aluguel, mas o folhetim foi arquivado e só seria produzido no horário das 18h em 1990. Ao final, a solução foi realizar um remake de Selva de Pedra, de Janete Clair. Um fenômeno de audiência e repercussão exibido em 1972. Essa segunda versão, mesmo não conquistando os elevados índices de audiência da versão passada, conseguiu conservar o público esperado para o horário.
2- Para interpretar os protagonistas da nova versão do folhetim clássico, onde Regina Duarte, Francisco Cuoco e Dina Sfat fizeram os papeis centrais de Simone, Cristiano e Fernanda, respectivamente, foram chamados os atores Fernanda Torres, Tony Ramos e Christiane Torloni nesta nova adaptação da obra de Janete Clair.
3- O enredo principal era guiado pelo romance “Uma Tragédia Americana”, de Theodore Dreiser (publicado em 1925). A história já tinha sido utilizada em duas versões cinematográficas: o filme homônimo de Joseph Von Sternberg (1931), com os atores Sylvia Sidney, Philips Holmes e Frances Dee; e o longa-metragem Um Lugar ao Sol, de George Stevens (1951), com Shelley Winters, Montgomery Clift e Elizabeth Taylor.
4- Antes do início da obra, houve várias possibilidades para a decisão de que seria a atriz que faria o papel de Simone. No começo, foi ventilado o nome de Lucélia Santos, até com alguma certeza, porém, Lucélia foi alocada para Sinhá Moça, às 18h, e o papel acabou com Fernanda Torres, em destaque na época por sua interpretação no cinema, em filmes como Com Licença, Eu Vou à Luta e Eu Sei Que Vou Te Amar, pelo qual venceu a Palma de Ouro de melhor atriz em Cannes, naquele ano de 1986.
5 – A escolha de Torres como protagonista da trama, contudo, foi se revelando inapropriada durante a produção. A atriz era muito nova para o papel (possuía apenas 20 anos na época), em comparação com os seus parceiros na novela, Tony Ramos e Christiane Torloni e, além disso, ela deixava transparecer que não estava à vontade no papel da mocinha sofredora Simone (em sua primeira fase e no final do folhetim). O trauma de Fernanda Torres foi tanto que ela já concedeu diversas declarações posteriormente manifestando seu descontentamento com este trabalho.
6- Na versão original de Selva de Pedra, Simone (Regina Duarte) utilizava uma peruca loira para se disfarçar de Rosana. Já na segunda versão da obra, a atriz Fernanda Torres, protagonista do enredo, contou com o auxílio de uma nova caracterização para o papel com um penteado alterado e lentes de contato azuis, uma novidade naquele tempo.
7- Os grandes destaques no elenco da produção foram Christiane Torloni, interpretando a vilã Fernanda e Miguel Falabella, como o malandro Miro Tavares.
8- A Censura Federal vetou algumas cenas e diálogos do folhetim, além de aconselhar uma certa moderação durante as cenas de amor. Uma das cenas alertadas pelos censores foram referentes as partes onde Fernanda (Christiane Torloni) e Cíntia (Beth Goulart) contracenavam. Algumas sequências indicavam que as duas flertavam, o que teria ocasionado reações negativas do público. A emissora e os autores da novela acabaram modificando algumas cenas por conta disso.
9- No remake, a hemofilia voltou a ser um dos temas da novela, assim como em sua versão original, por conta do personagem Caio, agora interpretado por José Mayer (Carlos Eduardo Dolabella fez o personagem anteriormente). O tema já tinha sido mostrado na primeira versão da trama. Janete Clair decidiu relatar o tema para mostrar que um hemofílico é uma pessoal normal e que merece respeito e aceitação social.
10- Um dos diretores da primeira versão de Selva de Pedra, Walter Avancini iniciou a adaptação de 1986 dirigindo os vinte primeiros capítulos, e sua marca registrada na trama foi a estética e o estilo “realismo mundo cão”, baseado no cinema de Neorrealismo Italiano. Após isso, a direção do enredo ficou por conta de Dennis Carvalho.
11- A direção de Dennis Carvalho deixou a produção menos sombria, concedendo mais luz e humor ao enredo. Por fim, Carvalho não ficou até o término da obra para dirigir a trama posterior no horário, Roda de Fogo, e coube a José Carlos Pieri e Ricardo Waddington conduzir a história até o seu final.
12- Alguns papeis previstos para alguns atores foram devidamente alterados antes da estreia da novela. Um deles foi o nome de Ney Latorraca, que foi convidado pelo diretor Walter Avancini para interpretar Miro, mas rejeitou o pedido. Avancini, diretor do folhetim, então, chamou Miguel Falabella para o papel e teria afirmado a ele: “Você é louro de olho azul. Não parece um malandro carioca, embora seja carioca. (…) Eu não quero um Miro gótico, quero um Miro anjo, um Miro solar, porque o mau também se mascara de várias formas. Vamos aproveitar esse seu jeito carioca de São Cristóvão e da Ilha do Governador, que tem um dialeto pronto.” Falabella fez (muito bem, aliás) o que foi solicitado pelo diretor e finalizou: “E eu fiz um Miro alegre, brincalhão, que foi um sucesso imenso.”
13- A abertura da segunda versão de Selva de Pedra, elaborada pela equipe de Hans Donner, tinha como foco o nascimento de uma cidade. Os arranha-céus levantavam do chão como plantas e neles eram configurados os rostos do elenco da trama. Para isso, foram feitas maquetes dos prédios revestidas por espelhos, dando a ideia de modernas construções em vidro. A gravação foi toda realizada em estúdio, a qual até as paredes foram pintadas com nuvens para representar o fundo. As maquetes envolvidas por argila saíam da terra operadas pela equipe. Um rascunho do rosto de Tony Ramos foi desenhado através de uma grande parede inclinada e coberta por prédios de plástico em três nuances de cor. Aos poucos, os telhados das construções concebiam as feições do ator. Para a trilha da abertura, foi concebida uma versão instrumental especial com a canção Rock and Roll Lullaby, de B.J. Thomas, música-tema de Simone (Fernanda Torres) e Cristiano (Tony Ramos).
14- A atriz Silvia Bandeira gravou quase um mês como a personagem Laura e, após isso, seu papel acabou sendo feito por Maria Zilda. Silvia tinha sido chamada por Walter Avancini, mas Daniel Filho insistiu em Maria Zilda, a atriz que ele queria interpretando o personagem desde o começo do folhetim. Silvia Bandeira acabou sendo alocada para um papel fixo na novelas das 20h posterior no horário, Roda de Fogo, de Lauro Cesar Muniz.
15- Alguns personagens da versão original da novela foram trocados por outros no remake. Podemos citar como exemplo os casos do Dr. Feliciano D’Avila (Urbano Lóes), advogado de Cristiano em 1972, que passou a ser Drª Ana Fróes (Suzana Faini) em 1986. Ainda, novos personagens foram idealizados, como Marlene (Jacyra Silva), Pepe (Sebastião Lemos) e Creuza (Neuza Borges).
16- Intérprete do personagem Gastão no remake de Selva de Pedra, O ator Marcelo Ibrahim já tinha finalizado sua participação na novela, bem no começo do enredo como o rapaz que termina morto em uma briga com Cristiano (Tony Ramos), quando faleceu em julho de 1986, antes mesmo do término da obra. O artista, que morreu devido a uma infecção generalizada, estava perto de completar 24 anos de idade, ao nos deixar. Depois de Selva de Pedra, Marcelo Ibrahim ainda participou do episódio “Jambo para Matar” da série Armação Ilimitada, dedicado especialmente à memória do ator, uma vez que foi ao ar em data posterior ao seu falecimento.
17- Dos 160 capítulos escritos da novela, 155 foram exibidos. Ainda, os capítulos 58 e 59 foram condenados em somente um. Durante a mudança de direção de Walter Avancini para Denis Carvalho (capítulo 20), 4 capítulos também foram juntados em somente um. O capítulo 16 foi o último dirigido por Avancini a ser exibido. Na sequência, a exibição pulou direto para o capítulo 21, o primeiro em que Dennis aparece creditado. Ou seja, os capítulos 17, 18, 19 e 20 foram editados no 21. (Site Teledramaturgia)
18- Outros três sucessos de Janete Clair também tiveram mais de uma versão na própria Globo: Irmãos Coragem (de 1970-1971), em 1995; Pecado Capital (de 1975-1976), em 1998; e O Astro (de 1977-1978), em 2011.
19- A trama foi a primeira novela da atriz Iara Jamra e da atriz e bailarina Marilena Ansaldi, além de ter sido o primeiro folhetim global do ator Paulo Hesse.
20- Nunca reapresentada em televisão aberta, Selva de Pedra foi reprisada no Viva (canal de TV a cabo pertencente ao Grupo Globo) de 22 de agosto de 2019 a 18 de fevereiro de 2020, às 14h30.
Fontes: Sites Memória Globo e Teledramaturgia.
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Um comentário em “Selva de Pedra (1986) no Globoplay: 20 curiosidades sobre o remake”