Pão Pão, Beijo Beijo no Viva: 14 curiosidades sobre o clássico

Sucesso inesquecível da obra de Walther Negrão, a novela Pão-Pão, Beijo-Beijo retorna hoje (16/05), às 14h15 e à 0h30 no Viva, canal de televisão por assinatura pertencente ao Grupo Globo. Produzida e exibida originalmente pela Rede Globo no tradicional horário das 18 horas, entre 28 de março e 7 de outubro de 1983, em 165 capítulos, a trama marcou por retratar as diferenças culturais entre o cotidiano do subúrbio em relação a classe média alta da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, com muita simplicidade, humor e uma história romântica e envolvente do início ao fim. Ainda, um elenco repleto de estrelas com nomes como Elizabeth Savalla, Cláudio Marzo, Maria Cláudia, Arnaud Rodrigues e Lélia Abramo nos papéis principais, ajudaram bastante para o êxito da narrativa dirigida por Gonzaga Blota e Henrique Martins. Por isso, vale relembrar 14 curiosidades deste folhetim clássico dos anos 1980 com os motivos para acompanha-la novamente através do Viva.

Elizabeth Savalla (Bruna), Claudio Marzo (Ciro) e Maria Cláudia (Luísa) foram os protagonistas de “Pão Pão, Beijo Beijo”, sucesso de Walther Negrão de 1983. (Foto: Reprodução/TV Globo)

1- A novela mostrava as diferenças entre o cotidiano do subúrbio em relação a classe média alta da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Além de utilizar os estúdios da emissora no Jardim Botânico, a equipe de gravação alugou um condomínio da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, como cenários para algumas cenas. Com uma história popular, a obra obteve relevante sucesso.

2- No começo, a trama de Pão Pão Beijo Beijo seria ambientada em São Paulo, porém, por conta de problemas envolvendo a produção da obra, a ação teve que ser transferida para o Rio de Janeiro. Assim, alguns personagens idealizados por Walther Negrão, que seriam típicos paulistanos, como Mama Vitória (Lélia Abramo), por exemplo, tiveram que ser adaptados para serem representados no cenário carioca. Por conta disso, o enredo precisou de ajustes, e novos personagens foram criados, como o núcleo da família de migrantes nordestinos para fazer oposição ao núcleo italiano. Donana (Laura Cardoso), mãe de Soró, veio para o Rio de Janeiro com a irmã Lalá Sereno (Regina Dourado) e as filhas, Mariana (Tânia Loureiro) e Regina (Marcela Muniz).

3- Fundindo duas sinopses, o autor Walther Negrão apresentou uma novela com falhas na estrutura. Tinha-se planejado ambientar a trama com um núcleo em São Paulo e outro no Rio de Janeiro, mas problemas de produção impuseram a transferência total da ação para a capital fluminense. Assim, personagens tipicamente paulistas, como Mama Vitória, comandando uma rede de cantinas, estavam ambientados no Rio, enquanto o condomínio na Barra da Tijuca, que deveria centralizar a ação, acabou sem força na trama. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)

Donana (Laura Cardoso), Lala (Regina Dourado) e Regina (Marcela Muniz) nos bastidores da novela. (Foto: Reprodução/TV Globo)

4- O autor Walther Negrão relatou esse problema em um trecho do livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo): “A Globo queria uma novela ambientada em São Paulo, então montei uma família italiana do Bixiga (…) Mas quando íamos começar a gravar a novela, não pudemos realizar lá. Como ir para o Rio de Janeiro se Mama Vitória, a personagem de Lélia Abramo, tinha uma rede de cantinas napolitanas? As cantinas italianas não eram tradicionais no Rio (…) Sugeriram que eu transformasse os italianos em portugueses. Cheguei a fazer a pesquisa, mas vi que não tinha brilho. (…) Então refiz os capítulos iniciais mudando a família paulista para uma chácara no Rio.”

5- Sendo assim, Pão Pão, Beijo Beijo possuía dois núcleos de grande importância: a família italiana, de classe média-alta, e a família nordestina, de migrantes pobres. Ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, Walther Negrão revelou que tinha medo que essa junção na história pudesse ser mal entendida pelo público: “Fiquei muito preocupado, achando que a mistura das famílias provocaria um ruído entre os sotaques italiano e nordestino. Então mantive as duas afastadas, até juntá-las através das matriarcas que, no fundo, eram personagens iguais. E deu muito certo porque gerou uma disputa muito positiva, profissional, entre a Laura Cardoso e a Lélia Abramo.”

6- Segundo dito no site Teledramaturgia, de Nilson Xavier, o ponto de partida do enredo central lembra muito o da novela Antônio Maria (Tupi, 1968-1969), de Geraldo Vietri, na qual Negrão colaborou: homem misterioso que esconde de todos o seu passado e que, em determinado momento, é descoberto pelos que o perseguem – Ciro (Cláudio Marzo) em Pão-Pão, Beijo-Beijo e o português Antônio Maria (Sérgio Cardoso).

Soró (Arnaud Rodrigues) e Ciro (Cláudio Marzo) em cena da trama. Personagem de Arnoud fez sucesso com o público infantil. (Foto: Reprodução/TV Globo)

7- Ao idealizar o personagem Soró (Arnaud Rodrigues), Walther Negrão quis fazer algo que falasse com o público infantil. A interpretação do ator conquistou crianças e adultos e Soró foi um dos destaques da novela.

8- A saudosa atriz Regina Dourado fez em Pão-Pão, Beijo-Beijo o seu primeiro personagem de destaque na televisão: a migrante nordestina Lala Sereno, uma solteirona que foi abandonada no passado pelo noivo em pleno altar. A personagem superou o trauma mostrando um cordel sobre sua história na Feira de São Cristóvão.

9- Elizabeth Savala, que até aquele momento só havia feito mocinhas na televisão, interpretou a vilã Bruna, papel que foi rejeitado por Renata Sorrah.

10- Segundo uma matéria da revista Veja, de 30/03/1983, Pão-Pão, Beijo-Beijo foi a primeira novela da televisão brasileira escrita com a ajuda de um computador – “um Apple”, como noticiou a reportagem.

Loretta (Renata Fronzi) e Mamma Vittoria (Lelia Abramo) em cena do clássico. Desejo inicial de Negrão era ambientar a sua novela em São Paulo, mas não foi possível. (Foto: Reprodução/TV Globo)

11- O primeiro nome pensado para a obra foi Sanduíche de Coração, o título da música-tema da abertura, cantada pelo grupo Rádio Táxi. O nome O Condomínio também foi cotado. Entretanto, o título definitivo – Pão-Pão Beijo-Beijo, um jogo de palavras com a expressão “pão-pão queijo-queijo” – foi uma determinação de Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, então diretor artístico e de operações da Globo), segundo outro depoimento de Walther Negrão a Flávio Ricco e José Armando Vannucci para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”: “Só porque uma amiga da mulher dele vendia sanduíche na praia e a abertura mostraria isso!”

12- A trama foi a primeira novela de Arnaud Rodrigues, que ficou conhecido por personagens engraçados em programas humorísticos da casa como Chico City e também da A Praça é Nossa, do SBT. Também foi o começo na Globo das atrizes Cinira Camargo e Marcela Muniz e a única novela na emissora do ator e roteirista de cinema Mário Benvenutti.

13- Pão-Pão, Beijo-Beijo foi comercializada para Bolívia, Itália, Nicarágua, Peru e Uruguai. Na Itália, inclusive, a produção chamou-se Mama Vitória, devido ao sucesso da personagem interpretada por Lélia Abramo.

Ciro (Cláudio Marzo), Luisa (Maria Cláudia), Júlio (Edwin Luisi) e Bruna (Elizabeth Savalla) em cena da novela. Obra vai ter uma segunda reapresentação pelo Viva após 32 anos de sua primeira reprise. (Foto: Reprodução/TV Globo)

14- A novela terá sua segunda reprise através do Viva. Antes disso, a trama já havia sido reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo, entre 22 de janeiro e 18 de maio de 1990.

Fontes: Sites Memória Globo, Teledramaturgia e Wikipédia.

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