Bebê a Bordo no Globoplay: 16 curiosidades sobre a obra

Grande sucesso dos anos 1980, a novela Bebê a Bordo retorna hoje, (08/11) , definitivamente no catálogo do Globoplay, para todos os assinantes da plataforma de streaming da Rede Globo. Produzida e exibida pela emissora no tradicional horário das 19 horas de 13 de junho de 1988 a 11 de fevereiro de 1989, em 209 capítulos, a trama escrita por Carlos Lombardi com a direção geral e de núcleo de Roberto Talma foi marcada por um humor ácido e cômico, uma marca registrada do autor, que utilizaria esse método anárquico e escrachado em outros trabalhos posteriores. Portanto, vale relembrar 16 curiosidades desta trama nonsense que marcou época com as devidas razões para acompanha-la novamente dentro da plataforma on-demand global.

Ana (Isabela Garcia) e a pequena Heleninha (Beatriz Bertu) em cena de “Bebê a Bordo”, sucesso do horário das 19h em 1988. (Foto: Reprodução/TV Globo)

1- A novela contou com um elenco repleto de estrelas. Alguns dos nomes mais relevantes da trama foram Isabela Garcia, Tony Ramos, Dina Sfat, Maria Zilda Bethlem, Ary Fontoura, Armando Bógus, José de Abreu, Guilherme Fontes, Guilherme Leme, Nicette Bruno, Sílvia Buarque, Irving São Paulo, entre muitos outros.

2- No começo, o título da novela seria A Filha da Mãe. Porém, Boni, o vice-presidente de operações da Rede Globo na época, não gostou do nome, e alterou para Bebê a Bordo, seu título definitivo.

3- Uma novela anárquica, nonsense, repleta de ação, diálogos irônicos, traçada com muita criatividade pelo autor, Carlos Lombardi, que definia aqui seu estilo peculiar, iniciado modestamente em Vereda Tropical (1984-1985) e perpetuado em seus trabalhos posteriores: Perigosas Peruas (1992), Quatro por Quatro (1994-1995), Vira-lata (1996), Uga Uga (2000-2001), Kubanacan (2003-2004) e outras. (Site Teledramaturgia, Nilson Xavier).

4- Em depoimento ao jornal Folha de São Paulo (edição publicada em fevereiro de 1989, depois do final da novela), Lombardi negou qualquer alusão a uma suposta inovação no gênero: Bebê a Bordo não foi planejada em função de uma inovação formal específica. Com a novela no ar, muito se falou de uma nova linguagem, etc e tal, mas não considero isso exato. Preocupávamos eu e o Talma, o diretor geral, a apenas fazer uma novela que, sem sair do rótulo de comédia, tivesse uma dose maior de realismo.

5- Tony Ramos praticou seu lado cômico ao interpretar o personagem Tonico Ladeira, de maneira incomum. Carlos Lombardi tinha escrito o perfil do personagem pensando em colocar o ator em um papel que ele nunca havia interpretado até aquele momento. Um rapaz bastante ansioso. Esse estereotipo era perfeito para evidenciar uma combinação da personalidade do próprio autor com o diretor da novela, Roberto Talma.

6- Também foram destaques da produção os irmãos Rico (Guilherme Leme) e Rei (Guilherme Fontes), que popularizaram o bordão “levar uns coelhos” (siginifcava transar), e lançaram a moda do lencinho na cabeça. Porém, vale ressaltar o trabalho irrepreensível de Isabela Garcia, como Ana, em uma representação perfeita. O sucesso foi tamanho que Isabela saiu na capa da revista Playboy de agosto de 1988, justamente na edição de comemoração do aniversário de 13 anos da revista no Brasil.

Bebê a Bordo (1988)
Os irmãos Rei (Guilherme Fontes) e Rico (Guilherme Leme) em cena de  Bebê a Bordo (1988). Dupla popularizou bordões durante o folhetim. (Foto: Reprodução/TV Globo)

7- Quatro crianças se alternavam para o papel da bebê Heleninha, em diversas fases de seu crescimento: Adriana Valbon e Roberto (enquanto bebê de colo), e Caroline e Beatriz Bertu (quando Heleninha começa a engatinhar). Contudo, quem mais encantou a todos foi a menina Beatriz Bertu (da última fase), seja o elenco, a produção da novela e, até mesmo, os telespectadores do folhetim.

8- Os sonhos da personagem Ângela, vivida por Maria Zilda, onde ela libera sua sensualidade e encarna às suas fantasias, eram dirigidos por Paulo Trevisan, famoso diretor de clipes musicais. Paulo deu um tratamento rápido às narrativas criadas pelo inconsciente da personagem.

9- Em depoimento ao Memória Globo, Carlos Lombardi recorda que a novela Bebê a Bordo sofreu cortes da Censura. Algumas cenas com a atriz Carla Marins, por exemplo, não foram exibidas como era previsto. O diretor Roberto Talma confirma a informação. O diretor precisou ir a Brasília para garantir a apresentação da trama. A Censura pretendia liberar a novela para as 21h, porém, a emissora já havia se programado para exibi-la somente às 19h. Para evitar mais cortes, Talma precisou retirar algumas cenas, como a de uma discussão que envolvia Isabela Garcia, que fazia a personagem Ana. O recurso deu certo e ele conseguiu liberar a novela.

10- A trilha sonora da trama apresentou nas capas os atores Isabela Garcia (Ana) em seu LP nacional e Guilherme Leme (Rico) no disco internacional da obra. Destaque para a canção Mordida de Amor, da banda Yahoo, uma versão brasileira da canção Love Bites, da banda Def Leppard. Um megahit do ano de 1988, que terminava a última cena da novela, com Heleninha (Beatriz Bertu). Marcaram na trilha nacional também as canções Preciso Dizer que Te Amo (Tema de Tonico), com Marina Lima; Amor Bandido (Tema de Ester) na voz de Joanna; Quase Não Dá para Ser Feliz (Tema de Ana) do cantor Dalto; e I Don’t Want Go on With You Like That (Tema de Rico) de Elton John; I Don’t Want to Live without You (Tema de Tonico e Ângela) da banda Foreigner e Strangelove da banda Depeche Mode na trilha internacional da trama.

Artistas de Bebê a Bordo que já morreram - TV História
Dina Sfat como Laura Petraglia/Bárbara em cena da novela. Foi o último trabalho da atriz em vida. (Foto: Reprodução/TV Globo)

11- O ator Tarcísio Filho contou que este foi o seu pior trabalho na televisão: “Quase não tinha texto, e vivia levando torta na cara… era um saco!”. Depois do fim da novela, ele fez uma participação em O Salvador da Pátria, e posteriormente foi para a Rede Manchete participar do elenco da novela Kananga do Japão.

12- Infelizmente, Bebê a Bordo ficou marcada como a última novela de Dina Sfat. A premiada atriz faleceu em 20 de março de 1989, vítima de câncer da mama, um mês após o término do folhetim. De acordo com matéria do Jornal do Brasil de 21 de março de 1989, Dina vivia reclamando de dores por todo o corpo. “Em fevereiro, se submeteu a uma quimioterapia. Mas os parentes foram avisados que não havia mais nada a fazer. Desde então, a morte começou a espreitar o apartamento onde a atriz morava com a filha mais nova (as outras estavam com Paulo José)”, informou a publicação. Por falar em Dina Sfat, a trama foi a estreia, em novelas globais, da sua filha, Bel Kutner, fruto do seu relacionamento com o ator Paulo José (a atriz começou a trabalhar nas novelas em Corpo Santo, na Rede Manchete).

13- Jorge Fernando, intérprete de Zetó, deixou a novela antes do seu final para dirigir a produção substituta do horário: Que Rei Sou Eu? (1989).

14- Reprise 1: A novela foi reapresentada entre novembro de 1992 e março de 1993, em Vale a Pena Ver de Novo, com apenas 90 capítulos, uma das menores reprises da faixa. A trama substituiu Vale Tudo (1988) e foi substituída por Sinhá Moça (1986).

15- Reprise 2: Também foi reexibida pelo Canal Viva de 15 de janeiro a 15 de junho de 2018, em 131 capítulos. Nessa nova exibição, a novela substituiu a minissérie Grande Sertão: Veredas e foi substituída por Vale Tudo, às 15h30. Os primeiros 90 capítulos foram exibidos na íntegra. A exibição do Canal Viva causou discordâncias entre o público da emissora a partir do capítulo 91, exibido em 30 de abril de 2018. A partir daquele dia, o canal começou a compactar os capítulos, numa decisão inédita que incomodou o telespectador da obra.

Bebê a Bordo (TV Series 1988– ) - IMDb
Tonico Ladeira (Tony Ramos) e Ana (Isabela Garcia) em cena da novela. Obra clássica retorna hoje no catálogo do Globoplay. (Foto: Reprodução/TV Globo)

Por não ter tido uma explicação prévia, o jornalista Maurício Stycer, do UOL, afirmou em uma crítica que o Viva usou a “lógica de TV aberta” para fazer os cortes: “a trama de Carlos Lombardi estaria provocando fuga de espectadores”. Em relação ao mesmos cortes, Cristina Padiglone, no site Telepadi, apontou que a trama foi rejeitada pela audiência conservadora e fez alusão aos cortes feitos em Celebridade, encurtada em sua exibição no Vale a Pena Ver de Novo também pela baixa audiência. Em meio a toda essa polêmica e após muitas reclamações, o Viva se pronunciou nas redes sociais afirmando que a novela seria exibida na íntegra a partir de 7 de maio até 15 de julho, na plataforma Viva Play. Em contrapartida, no canal a cabo, Bebê a Bordo permaneceu sendo editada.

16- Coincidência ou não, a novela também foi exibida em Moçambique e Portugal, países onde o português é a língua oficial utilizada .

Fontes: Sites Memória Globo, Wikipédia, TV História e Teledramaturgia.

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