A Viagem no Globoplay: 22 curiosidades sobre o fenômeno

Recentemente reapresentada pelo canal Viva, a novela A Viagem retorna hoje (02/08), definitivamente no catálogo do Globoplay, plataforma de streaming da emissora. A trama também faz parte do projeto de resgate de novelas e produções clássicas da Globo a cada duas semanas, iniciada em 2020. Escrita por Ivani Ribeiro com a colaboração de Solange Castro Neves e direção geral de Wolf Maya, A Viagem é um remake da novela homônima exibida pela TV Tupi em 1975 e foi exibida originalmente de 11 de abril a 21 de outubro de 1994 em 167 capítulos. Um grande sucesso de público e crítica comprovado pelo elevado número de reprises (4 vezes nos últimos 23 anos). Além disso, a obra conduziu com maestria uma história que tinha a doutrina espírita como mote central através de um elenco afiado e uma direção competente que entregou interpretações marcantes e comoventes. Por isso, vale relembrar curiosidades e bastidores deste clássico das novelas e que se tornou um fenômeno em todas as suas exibições na televisão brasileira.

Em 1994, A Viagem foi acusada de incentivar mortes e perturbar crianças  portuguesas · Notícias da TV
Diná (Christiane Torloni) e Alexandre (Guilherme Fontes) em cena da novela A Viagem, grande sucesso exibido em 1994. (Foto: Divulgação/TV Globo)

1- A novela A Viagem é um remake da trama homônima escrita por Ivani Ribeiro e exibida anteriormente pela Rede Tupi entre 1975 e 1976. A narrativa fala sobre a vida após a morte segundo a doutrina espírita. Para escrever a história, a autora baseou-se nos livros E a Vida Continua… (1968) e Nosso Lar (1944). Os dois livros foram psicografados pelo médium Chico Xavier.

2- A Viagem, além de romântica, exaltava as relações familiares e de amizade. Exemplos foram dados pelo carinho da relação fraternal entre as irmãs Diná e Estela (Christiane Torloni e Lucinha Lins), onde uma sentia quando a outra estava próxima, em uma relação quase telepática; e também a bonita cumplicidade e amizade de Lisa e Carmem (Andrea Beltrão e Suzy Rêgo).

3- A autora usou o seu folhetim e personagens para mostrar detalhes da doutrina kardecista. Foram levantadas e discutidas diversas dimensões da crença, como o preconceito dos leigos e estudos científicos sobre o tema. Também a comunicação entre vivos e mortos por intermédio da mediunidade, espíritos encarnados e desencarnados, obsessões, crendices populares, etc. As irmãs Diná e Estela (Christiane Torloni e Lucinha Lins), por exemplo, pressentiam quando estavam próximas uma da outra e se comunicavam por telepatia; Tibério (Ary Fontoura) conversava com um espírito que ficava o tempo todo ao seu lado e Dona Guiomar, Téo e Tato (Laura Cardoso, Maurício Mattar e Felipe Martins) sofriam a influência do espírito maligno de Alexandre (Guilherme Fontes); entre outros casos mediúnicos relatados na obra.

4- O ceticismo também foi um debate constante e importante para o desenrolar da trama, por meio dos personagens Raul e Téo (Miguel Falabella e Maurício Mattar) que não acreditavam na doutrina espírita.

5- Quando escreveu o remake, Ivani Ribeiro estava com dificuldades para enxergar, muito por conta de complicações da diabetes. Sua colaboradora, Solange Castro Neves, lia o roteiro original e redigia as adaptações discutidas com ela. A Viagem foi a última novela escrita por Ivani, que faleceu aos 73 anos, em 1995, vítima de insuficiência renal.

6- Antes de falecer, a autora deixou pronta uma sinopse, intitulada Caminho dos Ventos. Um ano depois, em 1996, a novela foi produzida e escrita por Solange Castro Neves e Lauro César Muniz, com o título Quem é Você?

7- No começo, a versão exibida em 1994 da TV Globo seria produzida para a faixa das 18 horas. Mas, no horário das sete, a sucessora de Olho no Olho, onde naquele momento seria Vira Lata, enfrentou problemas de produção e foi engavetada pela emissora para execução futura (a trama de Carlos Lombardi foi ao ar em 1996). Com isso, A Viagem foi alterada para o horário das 19h. Inclusive, a demora desta decisão fez com que o diretor Wolf Maya iniciasse os trabalhos da trama em apenas vinte dias antes de sua estreia. Segundo Wolf, isso só pôde ser concretizado porque os cenários do céu e do inferno começaram na trama somente depois do capítulo 60, dando o tempo necessário para que a equipe produzisse as cenas ambientadas nesses espaços.

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Cláudio Cavalcanti ajudou a propagar a doutrina espírita para o público leigo através do personagem Dr. Alberto, um dos seus grandes papéis em televisão. (Foto: Divulgação/TV Globo)

8- Para ambientar a novela, a equipe de cenografia produziu cinquenta cenários e mais de 200 ambientações nos Estúdios Herbert Richers, no bairro carioca da Tijuca. Além disso, uma cidade cenográfica em Jacarepaguá, também no Rio, foi montada para o núcleo da vila na Urca. O Petrópolis Golf Clube, na cidade fluminense de Petrópolis, era empregado para representar o Nosso Lar, lugar aonde Otávio e Diná foram depois de falecerem. Também, uma pedreira desativada em Niterói representava o Vale dos Suicidas, onde ficava Alexandre (Guilherme Fontes).

9- Por falar em Alexandre, o papel marcou a carreira do seu intérprete, o ator Guilherme Fontes. Nas redes sociais, inclusive, imagens humorísticas com fotos em frases engraçadinhas do personagem fazem a alegria dos noveleiros com vários memes em redes sociais. Fontes também é muito lembrado pelo personagem não somente por sua atuação mas pelas diversas reprises da novela (4 no total).

10- Na primeira pesquisa de opinião (o grupo de discussão) realizada com telespectadores, foi verificado o carinho do público por Diná (Christiane Torloni). As mulheres entendiam que os barracos da personagem eram por conta da má conduta do marido Téo (Maurício Mattar), que se insinuava para mulheres mais jovens. Entretanto, todos também amavam Lisa (Andréa Beltrão), principalmente por causa de seu perfil batalhador (ela sustentava o pai e o irmão com seu trabalho em um salão de beleza). A unanimidade de Lisa era necessária para que o público aceitasse o fim da união de Diná e Téo, o namoro dele com Lisa e o envolvimento de Diná e Otávio (Antônio Fagundes). (pesquisa: Duh Secco, portal TV História)

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O ator Guilherme Fontes marcou a sua carreira como o atormentado Alexandre. Personagem é até hoje um dos mais lembrados do folhetim. (Foto: Divulgação/TV Globo)

11- Um dos destaques da novela foi a presença da misteriosa figura do Mascarado Adonay, que vivia fantasiado de pierrô e escondia o rosto e o passado atrás de máscaras, enquanto encantava a todos com suas mímicas e performances circenses. Na trama, Adonay evitava se revelar para Carmem (Suzy Rêgo), um antigo amor que não fazia ideia que ele era a sua paixão do passado e que o mesmo havia sofrido um acidente que o deixou com queimaduras pelo corpo. O seu intérprete era o ator Breno Moroni, cujo rosto, quando não estava com máscara, aparecia com uma densa camada de látex que caracterizava a face desfigurada do personagem. No final do folhetim, quando o mascarado Adonay tira o disfarce para Carmem, a Globo recebeu diversas cartas solicitando a volta da máscara e das mímicas do personagem.

12 – A atriz Christiane Torloni, assim como o Alexandre de Guilherme Fontes, também ficou marcada pelo papel da protagonista Diná, uma mulher charmosa e de temperamento difícil, e que no começo da novela, sofria com o ciúme doentio pelo marido. Em entrevista ao programa Reviva (do canal Viva, em 2014), o diretor Wolf Maya afirmou que precisou convencer Torloni a retornar ao Brasil para protagonizar A Viagem. A atriz vivia um momento delicado de sua vida, depois da morte do filho Guilherme, de doze anos, em um acidente de carro. A atriz só aceitou o convite e voltou de Portugal, onde morava naquele momento, porque Wolf lhe contou uma mentira. O diretor prometeu um papel de comédia, mas sabia que seria importante para a atriz interpretar a protagonista de uma trama espírita naquele período difícil.

13- Os nomes de alguns personagens da versão original foram modificados na adaptação: Dona Isaura, mãe de Diná, tornou-se Dona Maroca; Maria Lúcia, filha de Estela, virou Bia; Dona Josefina, mãe de Téo, foi Josefa na nova versão; e Dona Cidinha, dona da pensão na trama, virou Cininha. O protagonista em 1975 foi César Jordão e dessa vez ganhou o nome de Otávio, pois um dos protagonistas da obra anterior a novela A ViagemOlho no Olho, também era chamado de Cézar.

14- No elenco, destaque para os trabalhos de Christiane Torloni, Guilherme Fontes, Andréa Beltrão, Laura Cardoso, Yara Côrtes, Jonas Bloch, Fernanda Rodrigues, Suzy Rêgo, John Herbert, Ary Fontoura, Nair Bello, Denise Del Vecchio e Breno Moroni. Mas as melhores interpretações foram de Lucinha Lins e Cláudio Cavalcanti, como o casal Estela e Alberto. Cláudio Cavalcanti narrou ao projeto Memória Globo que recebia diversas cartas do público da novela dizendo-se reconfortados por suas palavras durante a trama. As cartas eram dirigidas ao seu personagem, o médium Alberto. (Site Memória Globo)

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O misterioso Adonay (Breno Moroni), um personagem que se escondia através de uma máscara, foi um dos grandes destaques da novela. (Foto: Divulgação/TV Globo)

15- A abertura de A Viagem apresentava uma animação em que paisagens naturais perdiam o foco e se deformavam, transformando-se em relevos abstratos e nuvens, simbolizando a perda da consciência e o transporte a outras dimensões. A música-tema, com o nome da novela, composta por Cleberson Horsth e Aldir Blanc, tornou-se um dos grandes sucessos da banda Roupa Nova e desde então, associada à novela.

16- A trilha internacional de A Viagem (com a foto de Andrea Beltrão na capa) foi um sucesso de vendas: de acordo com site Memória Globo, foram comercializadas mais de 600 mil cópias. Inclusive, durante a reprise de 2006, no Vale a Pena Ver de Novo, a Som Livre relançou no mercado o CD internacional, sendo esta a única ocasião onde uma trilha internacional de novela foi relançada.

17- Laura Cardoso recorda sempre que as cenas em que sua personagem, Guiomar, era perturbada pelo espírito de Alexandre (Guilherme Fontes), elas eram ensaiadas à exaustão, para transmitir credibilidade ao telespectador. Segundo a atriz, algumas crianças chegavam a ter medo dela por conta das cenas onde Guiomar assumia uma expressão de ódio.

18- Durante o período da Copa do Mundo de 1994, onde os jogos eram transmitidos pela Globo, A Viagem teve sua exibição alterada para outros horários além das 19h, chegando a começar às 18h30 e às 20h20. A adaptação resultou no acréscimo da duração do tempo de arte da novela em relação ao roteiro. A trama, escrita em 160 capítulos, foi editada e exibida em 167, sendo que sete destes foram divididos em dois.

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Téo (Maurício Mattar) e Lisa (Andréa Beltrão) em cena da novela. Trama espírita foi um fenômeno de audiência. (Foto: Divulgação/TV Globo)

19- A Viagem foi uma das novelas recordistas de audiência no horário das 19h. O enorme sucesso da trama fez com que a venda de livros sobre espiritismo aumentasse em 50%, segundo dados levantados na época por livrarias especializadas.

20- A novela foi comercializada para diversos países como Bolívia, Chile, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Rússia, Uruguai e Venezuela, entre outros.

21- Foi reapresentada duas vezes em Vale a Pena Ver de Novo. A primeira, entre 28 de abril e 12 de setembro de 1997 e a segunda, a partir de 13 de dezembro de 2006. Foi reexibida também pelo Viva, canal por assinatura pertencente à Globo, entre 14 de julho de 2014 e 24 de janeiro de 2015 na faixa das 14h15, e pela segunda vez de 21 de dezembro de 2020 a 2 de julho de 2021. Nesta última exibição, inclusive, tornou-se a reprise com a segunda maior audiência da história do horário em questão, perdendo apenas para sua antecessora, Chocolate com Pimenta, de Walcyr Carrasco.

22- Em agosto de 2017, a Globo Marcas lançou A Viagem dentro de um box com 14 DVDs. Foi a última novela da Globo distribuída em disco pela marca.

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Otávio Jordão (Antônio Fagundes) e Diná (Christiane Torloni) em cena de ‘A Viagem’. Novela de grande sucesso retorna hoje no catálogo do Globoplay. (Foto: Divulgação/TV Globo)

Fontes: Sites Memória Globo, Wikipédia e Teledramaturgia.

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