Mulheres Apaixonadas no Globoplay: 28 curiosidades sobre a trama

Recentemente reprisada pelo Canal Viva, a novela Mulheres Apaixonadas retorna hoje (10/05), definitivamente no catálogo do Globoplay, plataforma de streaming da emissora. Produzida e exibida no horário das 21 horas, de 17 de fevereiro a 11 de outubro de 2003, em 203 capítulos, a trama foi marcada por ter sido um fenômeno de audiência e repercussão (foi inclusive tema de reportagem da revista americana Newsweek) justamente por abordar temas polêmicos que vinham de encontro a vários conflitos encontrados na sociedade brasileira. Assim, vale relembrar 28 curiosidades da obra e entender porque esta trama escrita por Manoel Carlos com a colaboração de Maria Carolina, Fausto Galvão e Vinícius Vianna e direção geral e de núcleo de Ricardo Waddington foi tão importante para o público noveleiro e por isso, retornou tão rapidamente no streaming global.

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Maria Padilha (Hilda), Christiane Torloni (Helena) e Giulia Gam (Heloísa) em cena de bastidores de “Mulheres Apaixonadas”, trama de sucesso do ano de 2003. (Foto: Divulgação/TV Globo)

1-  Com um grande elenco de nomes como Christiane Torloni, José Mayer, Tony Ramos, Susana Vieira, Giulia Gam, Marcello Antony, Helena Ranaldi e Dan Stulbach, Mulheres Apaixonadas discutiu violência doméstica, preconceito social e contra idosos, lesbianismo, alcoolismo, ciúme doentio e até violência urbana e câncer. Todas as tramas, em algum momento, assumiam pesos parecidos ou até superiores aos dos conflitos da Helena da vez, a personagem principal do folhetim. O autor explicou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo): “Minha ideia foi montar um painel. Com isso, investi num novo formato de novela, em que as histórias tinham vida própria e se entrelaçavam umas com as outras, mas corriam paralelamente. Foi muito difícil de fazer, mas muito prazeroso.”

2- As gravações da novela começaram em 25 de novembro de 2002, em Cancún, no México. No local foram gravadas cenas somente dos atores Christiane Torloni e Tony Ramos.

3- A estreia da trama seria apenas em setembro de 2003, mas por conta da exibição da novela Desejos de Mulher, onde o tema também era sobre os bastidores da moda, Celebridade, de Gilberto Braga, foi adiada para depois de Mulheres Apaixonadas. Assim, a estreia da novela foi antecipada para fevereiro do mesmo ano.

4- Mulheres Apaixonadas foi a quinta e última parceria do diretor Ricardo Waddington com Manoel Carlos. Os dois fizeram juntos História de Amor (1995), Por Amor (1997), Laços de Família (2000) e a minissérie Presença de Anita (2001), todas estas produções de grande sucesso. A partir da novela Páginas da vida (2006), o autor inicia uma nova era com o diretor Jayme Monjardim.

5- A trama foi ambientada na cidade do Rio de Janeiro, nos bairros do Leblon, Copacabana, Ipanema e Barra da Tijuca. As cenas eram gravadas nos estúdios do Projac e nas ruas da cidade, pois a trama não tinha cidade cenográfica.

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Cláudio (Erik Marmo) e Edwiges (Carolina Dieckmann) viveram um romance repleto de idas e vindas durante a novela. (Foto: Divulgação/TV Globo)

6- Diversas vezes, os capítulos eram gravados no mesmo dia em que seriam exibidos, por conta dos roteiros serem entregues aos atores com atraso. Mesmo com a correria, isso não comprometeu o andamento da novela e nem precisou de interferência da Globo para se chegar a uma solução.

7- A obra abordou a violência no Rio de Janeiro e suas consequências para os moradores, bem como a questão do armamento. Em dado momento da história, Fernanda (Vanessa Gerbelli) e Téo (Tony Ramos) são baleados na rua durante uma perseguição policial a bandidos. As cenas foram exibidas a partir do capítulo 150, que foi ao ar em 9 de agosto de 2003. Logo depois disso, a novela entrou numa espécie de campanha contra o armamento. Em 14 de setembro, os atores, junto com mais de trinta mil pessoas, participaram de uma passeata a favor do desarmamento; cenas desse protesto foram exibidas na novela um dia depois.

8- Falando ainda sobre a famosa cena do tiroteio de Fernanda, a montagem começou a ser gravada no dia 5 de agosto de 2003, no bairro do Leblon, e reuniu cerca de mil pessoas como plateia, além da equipe de produção e gravação que durou cerca de dez horas. A equipe precisou regravar a cena em que Fernanda é baleada, pois a gravação anterior havia sido prejudicada por um flash que apareceu justamente na hora em que a personagem levava o tiro. Por questão de iluminação, o diretor decidiu regravar a cena inteira, dessa vez com a rua fechada, e também deu sequência às cenas do resgate. A gravação das cenas foi finalizada em 7 de agosto, depois de mais de dois dias de trabalho.

9- Mais uma do tiroteio – O subprefeito da zona sul do Rio, Cláudio Versiani, proibiu as gravações das referidas cenas, alegando que iria atrapalhar o trânsito. A equipe conseguiu autorização do então prefeito Cesar Maia (PFL) para poder gravar no local. A Associação Brasileira da Indústria Hoteleira e o Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares do Rio também protestaram contra as gravações. Eles relataram que a novela afastaria os turistas.

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Raquel (Helena Ranaldi) e Marcos (Dan Stulbach) em cena polêmica da trama. Novela foi marcada por abordar temáticas sociais importantes. (Foto: Divulgação/TV Globo)

10- A violência doméstica foi um dos temas que mais causou polêmica. Marcos (Dan Stulbach) entrou na novela no capítulo 70, que foi ao ar em 8 de maio. Ele violentava e agredia fisicamente a professora Raquel (Helena Ranaldi), além de ter características de psicopata. Numa das cenas mais fortes da novela, ela é espancada com uma raquete, e deixa os ferimentos à mostra. A cena foi exibida no capítulo 97, que foi ao ar em 9 de junho de 2003.

11- Depois de muito medo e sofrimento, em 22 de setembro, depois de ser espancada nua, Raquel (Helena Ranaldi) tomou coragem e denunciou Marcos para a Delegacia Especial da Mulher. A atitude da professora incentivou milhares de mulheres no país a fazerem o mesmo, e com isso, o número de denúncias contra violência doméstica aumentou consideravelmente em todo o país. Só no Rio de Janeiro as denúncias contra a violência feminina cresceram em 40%.

12- A repercussão do tema foi tão grande que em 27 de agosto de 2003, os atores Dan Stulbach e Helena Ranaldi foram a Brasília visitar o então presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), e participaram do lançamento do Programa Nacional de Combate à Violência contra a Mulher, como um incentivo de mudar a lei da violência contra a mulher, assunto abordado entre os personagens dos dois atores na trama.

13- Um dos temas mais polêmicos da novela foi os maus tratos que a vilã Dóris, vivida por Regiane Alves, causava em seus avós Leopoldo (Oswaldo Louzada) e Flora (Carmem Silva), chegando a jogar o avô no chão e dizer palavras pesadas e cruéis contra os dois. A trama fez com que o Estatuto do idoso tivesse agilidade em sua aprovação no Senado Federal. Além disso, houve um incentivo para o aumento das denúncias de agressões contra os idosos.

14- Por falar em Dóris, o capítulo da reprise exibida pelo Viva em 19 de outubro de 2020, em que a personagem recebeu uma surra do pai por maltratar os avós, alcançou mais de 768 mil indivíduos e foi líder da TV Paga no seu horário de exibição. No Twitter, as hashtags #CoçaDaDórisNoVIVA e #MulheresApaixonadasNoVIVA entraram nos Trending Topics.

15- O câncer de mama também foi outro assunto abordado na trama. Ao realizar o exame, Hilda (Maria Padilha) descobre um nódulo em seu seio e que é maligno. As cenas em que ela descobre que tem câncer foram exibidas no capítulo 148, em 7 de agosto de 2003. Manoel Carlos diz que Hilda foi escolhida para ter o câncer na trama justamente porque ela era uma pessoa feliz. A doença a pegaria de surpresa e o exemplo de vida da personagem enquanto luta contra a doença funcionaria melhor.

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Clara (Alinne Moraes), Rodrigo (Leonardo Miggiorin) e Rafaela (Paula Picarelli) nos bastidores da novela. (Foto: Divulgação/TV Globo)

16- A homossexualidade foi outro tema debatido pela obra através das personagens Clara (Alinne Moraes) e Rafaela (Paula Picarelli). Elas tiveram que enfrentar a resistência dos pais e assumiram o amor que sentiam uma pela outra. Pesquisas feitas no período mostraram que o público não era contrário à relação homossexual das duas meninas, mas não aceitaria uma cena de beijo. O autor Manoel Carlos, então, encontrou uma solução criativa ao mostrar, no último capítulo, as personagens trocando um selinho na montagem do clássico Romeu e Julieta, de William Shakespeare, encenada na escola, em que as duas faziam os papéis principais. A abordagem didática do tema foi considerada um avanço. Em várias cenas, as personagens apareciam discutindo a homossexualidade feminina, o bullying e o preconceito de que eram vítimas.

17- O diretor Ricardo Waddington pediu para que a atriz Giulia Gam lesse o livro Mulheres que Amam Demais, de Robin Norwood, para se inspirar na criação da ciumenta e neurótica Heloísa. Durante as gravações, a atriz visitou o grupo de apoio Mulheres que Amam Demais Anônimas (Mada). Giulia encarnou o drama de Heloísa de tal forma – gritou, chorou, esperneou, debateu-se tanto – que o psiquiatra que acompanhava a cena e os familiares da atriz ficaram chocados.

18- Outro tema envolvendo a personagem Heloísa (Giulia Gam) foi a laqueadura. Em uma das cenas, ela revela que não tem filhos não porque não quer, mas porque não pode, pois fez uma ligadura de trompas em segredo.

19- Também foi abordado o celibato católico através da relação amorosa entre uma socialite (Lavínia Vlasak) e um padre (Nicola Siri).

20- A classe das empregadas domésticas se mobilizou devido ás cenas em que Carlinhos (Daniel Zettel) assediava Zilda (Roberta Rodrigues): o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Jundiaí moveu ação contra a novela, mas a justiça negou o pedido.

21- Por intermédio do autor Manoel Carlos, o maestro Laércio de Freitas e o saxofonista J. T. Meirelles conseguiram um “up” em suas carreiras. Os dois faziam parte do grupo de músicos do Nick Bar, um dos cenários da trama, do qual Téo (Tony Ramos) também fazia parte.

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Lorena (Susana Vieira) e Expedito (Rafael Calomeni) em foto divulgação da trama. Novela foi um estrondoso sucesso de público e crítica. (Foto: Divulgação/TV Globo)

22- Durante o capítulo de 12 de setembro de 2003, os personagens de Tony Ramos e Christiane Torloni discutiram a relação por longos 18 minutos e 30 segundos. A cena durou um bloco inteiro: um dos maiores bifes (como são chamados os diálogos longos na dramaturgia) da nossa TV. (“Almanaque da Televisão Brasileira”, Bia Braune e Rixa)

23- A novela e a repercussão das tramas viraram tema de reportagem da revista americana Newsweek, publicada em julho de 2003 (Site Memória Globo). A obra também foi capa da revista Veja e satirizada pelo Casseta & Planeta, Urgente! como Mulheres Recauchutadas.

24- Mulheres Apaixonadas teve quinze aberturas diferentes, mostrando na maioria das vezes fotografias enviadas por telespectadores, em diferentes tons de azul. As mulheres apareciam destacadas, enquanto os homens, embaçados. No começo, a abertura seria trocada a cada quatro semanas, mas a ideia fez tanto sucesso, que passou a ser de duas em duas semanas, tendo na última semana, a abertura diferente da penúltima.

25- A novela marcou a estreia de vários atores na TV: Bruna Marquezine (com 7 anos quando começou a gravar a novela), Paula Picarelli, Carol Castro, Pedro Furtado, Pitty Webo, Rafael Calomeni, a veterana Manoelita Lustosa, Leonardo Miggiorin (em sua primeira novela depois de ser revelado na minissérie Presença de Anita), Nicola Siri, Waldir Gozzi, Fabiana Karla, em um pequeno papel antes de ficar famosa como comediante na própria Globo e a primeira novela na emissora da atriz e cantora Elisa Lucinda. Ainda, marcou a estreia em novelas da TV Globo dos atores Roberta Rodrigues (Zilda), Daniel Zettel (Carlinhos) e Diego Gonçalves (Jairo), que atuaram no premiado filme Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles.

26- Foi um sucesso de audiência e repercussão durante toda a sua trajetória. Estreou com uma média de 45 pontos com picos de 52, com share de 64%. Seu último capítulo marcou 59 pontos, com picos de 66 e share de 77%. Teve média geral de 46,6 pontos.

27- Mulheres Apaixonadas venceu vários prêmios. Entre eles, o Troféu APCA de melhor ator com Dan Stulbach como o grande vilão Marcos. A obra também foi condecorada com o Troféu Imprensa de melhor novela, atriz para Giulia Gam, ator para Dan Stulbach e revelação para a então pequena Bruna Marquezine.

Mulheres Apaixonadas" será reprisada em agosto no canal Viva - Jetss
Lucas (Victor Cugula), Téo (Tony Ramos) e Salete (Bruna Marquezine) em cena de bastidores de “Mulheres Apaixonadas”. Novela retorna hoje no catálogo do Globoplay. (Foto: Divulgação/TV Globo)

28- A trama foi reapresentada pelo Vale a Pena Ver de Novo de 1 de setembro de 2008 a 27 de fevereiro de 2009, em 130 capítulos. Também foi reexibida recentemente na íntegra pelo Canal Viva de 24 de agosto de 2020 a 16 de abril de 2021, ás 23 horas, com reprise ás 13h30 e maratona aos domingos das 19h ás 23h45. Foi a primeira novela a ter a abertura alterada no canal, contando com a participação do público através de fotografias, assim como na exibição original, mas com novas fontes e uma logo modificada. Desde a estreia até 5 de setembro, a reprise levou o Canal Viva à liderança do ranking nacional da TV paga.

Fontes: Wikipédia, Memória Globo e site Teledramaturgia.

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