Esquecidas pelo VPVDN: Andando Nas Nuvens (1999)

A novela Andando nas Nuvens estreava há 22 anos como uma comédia romântica ao estilo dos anos 1940 e 50 do cinema. Exibida pela Rede Globo de 22 de março a 5 de novembro de 1999 no horário das 19h, em 197 capítulos, a trama teve uma narrativa leve e divertida fisgando boa parcela do público no fim do século passado e por conta disso, é sempre lembrada para uma eventual reprise na sessão Vale a Pena Ver de Novo, o que não ocorreu desde o seu término original. Por isso, vamos fazer uma breve retrospectiva da história e contar curiosidades e bastidores desta obra nostálgica da televisão televisão brasileira.

De menininha a mulherão! No aniversário de Mariana Ximenes, relembre a  carreira da atriz na TV - fotos em Baú TV - Programas
A atriz Mariana Ximenes fez a sua estreia em novelas da TV Globo como a ingênua Celi de “Andando Nas Nuvens”. (Foto: Divulgação/TV Globo)

Colaboradores e elenco

A novela foi escrita por Euclydes Marinho com a colaboração de Elizabeth Jhin (que futuramente viria a fazer tramas solos na Globo), Letícia Dornelles e Vinícius Vianna. A direção ficou por conta de Dennis Carvalho (também diretor geral e de núcleo), José Luiz Villamarim e Ary Coslov.

Nos papéis centrais da história apresentou Marco Nanini, Susana Vieira, Débora Bloch, Vivianne Pasmanter, Marcos Palmeira, Marcello Novaes, Mariana Ximenes, Caio Blat, Cláudio Marzo, Eliane Giardini, entre outros astros.  A novela teve como tema central a capacidade que o ser o humano tem de se superar diante de uma grande crise, dando a volta por cima.

Sinopse

Durante uma noite de 1981, o jornalista Gregório Montana (Ary Coslov), dono do jornal Correio Carioca, é assassinado em sua mansão no bairro da Urca, no Rio. Uma figura misteriosa invade seu quarto enquanto ele está dormindo e o sufoca com um travesseiro. O filho do jornalista, Otávio (Marco Nanini), chega a tempo de lutar com o assassino, mas é jogado do alto da varanda da casa e perde a consciência.

Como consequência do acidente, Otávio passa 18 anos em estado de encefalite letárgica, um distúrbio conhecido como “doença do sono”. O paciente começa a responder bem a um revolucionário tratamento administrado pela doutora Lídia (Helena Ranaldi), médica especialista na doença, mas ela tem poucas esperanças de uma recuperação total. Mas um acidente muda o rumo da história: ao bater com um braço em um dos aparelhos do hospital, Otávio leva uma forte descarga elétrica que o faz despertar com 100% de consciência. A notícia ruim é que Otávio perdeu boa parte da memória e, para piorar,  suas últimas recordações o levam a 1968, bem antes da queda da varanda, quando ele ainda era noivo de Eva (Renata Sorrah). Ele descobre que os dois se casaram e tiveram três filhas, mas que sua mulher está morta.

Memórias adormecidas

Os dois únicos vínculos de Otávio com o passado são Alex (Otávio Augusto), fiel amigo que cuidou dele durante os anos em que esteve adormecido; e Antônio San Marino (Cláudio Marzo), o filho da empregada, criado desde criança como se fosse seu irmão. San Marino herdou o Correio Carioca do pai de Otávio e se tornou um empresário poderoso. Satisfeito por se lembrar do velho amigo, Otávio descobre, aos poucos, que San Marino é o responsável por suas adversidades.

Sempre acompanhado de seu “marqueteiro” pessoal, o tresloucado Bob Lacerda (Felipe Camargo), Antônio San Marino é um homem inescrupuloso, que usa o Correio Carioca como instrumento de manipulação política para tornar-se senador da República. Ele não gosta de saber da recuperação de Otávio, pois teme que seu passado seja revelado. Por isso, sente-se mais seguro quando percebe que o rival perdeu a memória. Parte do ódio de San Marino por Otávio está no fato de o empresário ter sido apaixonado pela mulher do amigo. Ele tem um retrato de Eva pendurado na parede do seu escritório e costuma idolatra-lo, nutrindo o ressentimento por Otávio.

Tramas Paralelas

Para sempre em teu coração.: ANDANDO NAS NUVENS
Chico Mota (Marcos Palmeira) e Julia Montana (Débora Bloch) viveram um casal cheio de idas e vindas na trama. (Foto: Divulgação/TV Globo)

Ao saber da recuperação do pai, as três filhas de Otávio se reúnem e, por coincidência, todas estão ligadas de alguma forma a San Marino. A mais velha, a jornalista Júlia Montana (Débora Bloch), acaba indo trabalhar no Correio Carioca; Bete (Vivianne Pasmanter), a filha do meio – uma mulher fútil e ambiciosa –, casa-se com o cafajeste Arnaldinho (Márcio Garcia), filho mais velho de San Marino, embora seja apaixonada por Raul Pedreira (Marcello Novaes), um fotógrafo que trabalha com a irmã. Já Celi (Mariana Ximenes), a caçula, vive como noviça até se apaixonar pelo filho mais novo de San Marino, o jovem Thiago (Caio Blat). Não demora muito para que o próprio Otávio se encante por um dos San Marino: Gonçala (Susana Vieira), esposa do seu inimigo. Submissa ao marido, humilhada por seu desprezo e pela verdadeira obsessão que possui por Eva, ela descobre uma chance de ser feliz ao lado de Otávio.

Já no Correio Carioca, Júlia Montana disputa ferozmente o posto de estrela da redação com o também repórter Chico Mota (Marcos Palmeira). Extremamente competitivos, eles não conseguem deixar de brigar nem depois que se apaixonam um pelo outro. O romance dos dois sofre a interferência constante da mãe do jornalista, a temperamental Judite (Nicette Bruno), e da ex-mulher de Chico, Lúcia Helena (Júlia Lemmertz), ainda apaixonada por ele e com quem tem uma filha, Constancinha (Gabriela Martins).

Para piorar, Chico Mota ainda tem de dividir um apartamento minúsculo com o fotógrafo Raul Pedreira (Marcello Novaes) e aguentar as confusões que ele arruma nos seus encontros e desencontros com Beth Montana (Vivianne Pasmanter), por quem é apaixonado.

Ponto de Encontro

Um dos pontos de encontro de alguns dos personagens de Andando nas Nuvens é a Academia Vargas de Dança de Salão, dirigida pela professora Janete (Eliane Giardini), uma mulher madura e bonita que coleciona casos com homens mais jovens, como o mau-caráter Átila (Taumaturgo Ferreira). As aventuras amorosas da mãe levam ao desespero a filha da professora, a tímida Joana (Fernanda Souza).

Produção

A maior parte das cenas externas de Andando nas Nuvens foi realizada em locações da cidade do Rio de Janeiro, como o bairro da Urca, onde se passa a maioria da ação da novela. 

Figurino e caracterização

O figurino do jovem Thiago, personagem de Caio Blat, agradou aos mais descolados: roupas de aparência surrada, sandálias, boné, cachos e barba por fazer. Os telespectadores também curtiram as blusas florais e acessórios de couro adotados pela ex-noviça Celi (Mariana Ximenes), e aprovou a bolsa estilosa da jornalista Julia (Débora Bloch): uma mochila de couro preta com uma alça única transpassada.

Curiosidades e bastidores

Andando nas Nuvens marcou a estreia de Euclydes Marinho como autor principal de telenovelas. As comédias românticas americanas dos anos 1940 e 1950 foram base e inspiração para a criação da obra.

Eliane Giardini viveu Janete em “Andando Nas Nuvens”. Salão de dança da personagem foi um dos pontos de encontro da trama. (Foto: Divulgação/TV Globo)

Com Andando nas Nuvens, Marco Nanini retornou às novelas depois de sete anos trabalhando em minisséries e especiais. O personagem Otávio Montana foi escrito especialmente para o ator.

Um dos diretores, Ary Coslov fez duas participações especiais na trama: no primeiro capítulo, interpretou Gregório Montana, pai do protagonista interpretado por Marco Nanini. No último, apareceu como um garçom de uma festa. Na gravação da sequência, Nanini, que estava na mesma cena, brincou: “Que garçom estranho, parece meu pai”. A fala foi ao ar. Dennis Carvalho, por sua vez, gravou a voz do comissário que anuncia a chegada de Júlia (Débora Bloch) ao Rio de Janeiro, no primeiro capítulo.

Os personagens principais da novela são homenagens de Euclydes Marinho a pessoas que conviviam com o autor no período de exibição do folhetim. Sua então esposa, a socialite Lilibeth Monteiro de Carvalho foi homenageada com o nome das três filhas de Otávio Montana: seus três primeiros nomes de batismo são Celi (Mariana Ximenes), Elizabeth — escrito “Elizabete” — (Viviane Pasmanter) e Júlia (Débora Bloch). Thiago (Caio Blat) é o nome de seu filho, além de Gonçala (Suzana Vieira) e Oneide (Isabela Garcia) que eram pessoas que trabalhavam com Euclydes.

Na reta final da narrariva, dois personagens apareceram como participações especiais: Arnon Monteiro e Joaquim Pedro, nomes dos filhos de Lilibeth com o ex-presidente Fernando Collor de Melo.  “Arnon Monteiro” também seria usado para fazer merchandising do Centro Sportivo Alagoano (CSA), agremiação de futebol com base em Maceió, que seria citado pelo personagem de Otávio Augusto em uma das cenas. Contudo, a direção da Globo proibou a citação com base em declaração dada por Arnon de Mello em entrevista.

Em resposta, a Globo desmentiu qualquer censura ao trabalho de Euclydes Marinho e afirmou que não costuma fazer merchandising de clubes de futebol.

Júlia Lemmertz trabalhou grávida durante a trama. Nos últimos dias de gravação, como já não era possível esconder a gravidez da atriz, a imagem dela passou a ser focalizada em closes e em outros enquadramentos que escondessem a barriga.

O papel de Júlia Montana era no princípio para Malu Mader, porém quem ficou o papel foi Débora Bloch. Por sua vez, Isadora Ribeiro iria interpretar Oneide a convite de Dennis Carvalho, mas acabou dispensada por ele no começo das gravações. Em entrevista, a atriz disse que ele a achava amuito nova para viver a mulher de Otávio Augusto — parceiro de Oneide, que viria a ser interpretada por Isabela Garcia: “Não posso ser descartada assim até porque sou cria da casa”.

Marcos Palmeira que fazia o co-protagonista Chico Mota ficou doente nos últimos dias de gravação e sem aparecer em 3 episódios (participou apenas do último). As cenas dele foram apenas lembradas pelos personagens.

Andando nas Nuvens - Alchetron, The Free Social Encyclopedia
A coluna “Revista da TV” do Jornal O Globo, de 1999, época de exibição da novela, tinha na capa os estreantes em novelas globais Caio Blat, Fernanda Souza e Mariana Ximenes. (Foto: Divulgação/TV Globo)

A escritora Heloísa Hilário Kohler acusou o autor Euclydes Marinho de plagiar um livro de sua autoria, que nunca foi publicado. Segundo ela, semelhanças da história do livro podiam ser vistas no enredo da trama. A Rede Globo e o autor contestaram as acusações.

Vindos de trabalhos no SBT, os atores Caio Blat, Mariana Ximenes e Fernanda Souza estrearam na TV Globo nesta novela.

Andando nas Nuvens foi vendida, entre outros países, para Equador, Grécia, Polônia, Rússia, Uruguai e Venezuela.

Abertura

Ao som de gulosa, do grupo Fat Family, a abertura mostrava cartões postais subindo entre casas, pessoas, barcos e outros objetos. Outra abertura que possuía cartões mexendo era da novela Estúpido Cupido exibido pela emissora em 1976.

Saladificador: FORA DE CATÁLOGO: Andando nas Nuvens: nacional e  internacional (1999)
Vivianne Pasmanter (Beth) e Marcos Palmeira (Chico) estiveram presentes no álbum nacional e internacional da novela, respectivamente. (Foto: Som Livre e TV Globo).

Trilha Sonora

A trilha sonora nacional de Andando Nas Nuvens tinha sucessos como Gulosa, tema de abertura na voz do grupo Fat Family; Garganta (tema de Júlia), da cantora Ana Carolina; a clássica Me Dê Motivo (tema de Lúcia Helena), do saudoso Tim Maia; Você Mentiu Pra Mim (tema de Raul) de Ed Motta; Minha Menina (tema de Beth) do cantor Maurício Manieri e o hit “chiclete” Mais Uma Vez (tema de Bob Lacerda e Flora), na voz da dupla Pepê e Nenem. A capa era estampada pela atriz Vivianne Pasmanter, intérprete da personagem Beth na novela.

Já a trilha internacional também tinha grandes sucessos da época como Te Perdi  (tema de Tiago), do cantor francês radicado no Brasil Chris Duran; No Scrubs, do grupo TLC; She’s All I Ever Had (tema de Julia e Chico) do cantor Ricky Martin; a balada Crush, da cantora americana Jennifer Paige; Inevitable (Soft Final Ballad), da Shakira entre outras canções. A capa dessa vez ficou com Marcos Palmeira, intérprete do personagem Chico Mota na trama.

Audiência

A novela tinha a concorrência no horário em seu início com a mexicana Luz Clarita e depois com a novelinha infanto-juvenil Chiquititas, e, talvez por conta disso, trouxe para a trama a atriz Fernanda Souza, a Mili do folhetim concorrente. Mas o resultado foi aquém do esperado. Apesar do primeiro capitulo ter atingido 36 pontos de média A novela foi embalar realmente a partir dos seus meses finais quando atingiu picos de 40 na quarta-feira do dia 27/10/1999 e 41 pontos no último capítulo exibido em 06/11/1999. Sua média final foi de 32.83, abaixo da meta estipulada naquele período de 35.

Andando Nas Nuvens (TV Series 1999– ) - Photo Gallery - IMDb
Caio Blat (Thiago), Susana Vieira (Gonçala) e Márcio Garcia (Arnaldo) em foto dos bastidores de “Andando Nas Nuvens” trama exibida em 1999. (Foto: Divulgação/TV Globo)

Reprises

A trama nunca foi reprisada pela Globo, mesmo depois de 22 anos após a sua exibição original nas telinhas. Talvez por conta disso, em algumas ocasiões, é lembrada por grupos de novelas nas redes sociais para uma eventual reprise pela emissora na sessão Vale a Pena Ver de Novo ou pelo Canal Viva (pertencente a Globosat).

Fonte: Memória Globo, Wikipédia.

Um comentário em “Esquecidas pelo VPVDN: Andando Nas Nuvens (1999)

Deixe um comentário