Porto dos Milagres no Globoplay: 25 Curiosidades sobre a novela

A novela Porto dos Milagres retorna hoje (01°/02), definitivamente, no catálogo do Globoplay, plataforma de streaming global. A trama escrita por Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares apostou novamente no realismo mágico, fórmula que também foi utilizada em outras narrativas dos autores como Tieta (1989), Pedra Sobre Pedra (1992), Fera Ferida (1993) e A Indomada (1997). Contudo, com o desgaste do formato, a crítica não aliviou para Porto e choveram críticas ao enredo repetitivo realizado durante a obra. Entretanto, a novela fisgou uma boa parcela do público na telinha e, por isso, vale a pena relembrar 25 curiosidades dessa produção que teve mais uma vez a inspiração de Jorge Amado para sua exibição no horário nobre.

Porto dos Milagres" chega à Globo no dia 6 de abril
Esmeralda (Camila Pitanga), Guma (Marcos Palmeira) e Lívia (Flávia Alessandra) foram os protagonistas de Porto dos Milagres, novela do horário nobre global. (Foto: Divulgação/TV Globo)

1- Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares repetiram novamente uma parceria com o realismo mágico como pano de fundo já bastante explorado em novelas anteriores. Portanto, não houve nenhuma novidade na narrativa. Tanto foi um desgaste de sua própria fórmula, explorada em outras novelas como Tieta, Pedra Sobre Pedra, Fera Ferida e A Indomada, que Aguinaldo não quis mais escrever enredos regionalistas e passou a focar suas novelas em histórias urbanas. O autor só retornou ao realismo mágico em 2018 com O Sétimo Guardião.

2- Silva contou a André Bernardo e Cíntia Lopes no livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”: “Porto dos Milagres foi uma novela bastante traumática para mim. Sabe essa coisa de diretor que não sabe fazer? Pois é. Depois de Porto, pensei até em não escrever mais novelas. Virei para a Globo e disse: ‘Estou de saco cheio, não quero mais’.”

3- Ricardo Linhares, coautor, declarou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo: “Começamos a sentir que as pessoas já não queriam mais viajar naquela fuga da realidade que oferecíamos com o realismo mágico, com a exacerbação do real. Elas estavam começando a estranhar coisas que não estranhavam antes. Tudo tem um ciclo, e o do realismo fantástico estava acabando ali.”

4- A novela foi inspirada nos romances Mar Morto e A Descoberta da América pelos Turcos, ambos do escritor brasileiro Jorge Amado. O autor baiano faleceu enquanto a novela era exibida.

5- Sobre a construção da trama de Porto dos Milagres, o autor declarou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”: “Eu queria adaptar ‘Mar Morto’ [de Jorge Amado] havia muito tempo. Li o livro quando era adolescente, tinha uma ideia de como era aquela história de amor desenfreado. Quando o reli, percebi que ele tinha uma linguagem poética meio datada e que sua história não daria uma novela. Então tive que fazer uma adaptação muito livre. (…) A trama política prevaleceu sobre a romântica”, destacou Aguinaldo.

Port of Miracles (2001)
Ezequiel (Vladimir Brichta) e Genésia (Júlia Lemmertz) nos bastidores da novela. (Foto: Divulgação/TV Globo)

6- Outra inspiração para os autores foi “Macbeth”, de Shakespeare. Um a similaridade com a obra foi quando Félix (Antônio Fagundes) recebe a previsão de uma cigana de que ele se tornaria rei, com as mãos sujas de sangue, tendo uma grande mulher por trás, Adma (Cássia Kiss).

7- Entre os destaques no elenco, estavam a vilã Adma, interpretada com maestria por Cássia Kiss, e a “perua” Amapola de Zezé Polessa. Ainda, Arlete Salles, intérprete de Augusta Eugênia, não se deixou abalar pelas críticas sobre a semelhança entre a personagem e Maria Altiva que Eva Wilma viveu em A Indomada (1997). Com o tempo, a atriz trouxe um novo tom à sua personagem.

8- Apesar do sucesso junto ao público, Adma é uma personagem da qual Cássia Kiss não guarda boas recordações. A atriz, grávida de seu terceiro filho, com peça em cartaz e estressada, teve problemas nos bastidores da novela. Em 2012, durante uma entrevista para a revista Quem, ela disse: “Gravava muito, ainda fazia uma peça de teatro e tinha as crianças. Estava grávida do meu terceiro filho e passava a noite estudando. Às vezes não dava tempo de passar todas as cenas. Em vez de procurar o produtor da novela e dizer ‘Desculpa, tem três ou quatro cenas que não tenho condição de fazer’, eu me desdobrava para gravar. Mas não conseguia e explodia. Saía do estúdio gritando, chorando, totalmente enlouquecida. Para a equipe, eu era a doida da Cássia, a pessoa difícil. (…) Era raro eu ter essas explosões. Mas os colegas me olhavam atravessado.”

9- Por sua atuação na novela como Adma Guerreiro, Cássia Kiss foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor atriz de 2001.

10- No início, Arlete Salles viveria a personagem Rita, uma mulher simples e batalhadora, e boa mãe e matriarca da família e Joana Fomm ficaria com o papel da víbora arrogante Augusta Eugênia. Para o livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, Aguinaldo Silva declarou que o diretor Marcos Paulo propôs a troca, fazendo Joana e Arlete interpretarem personagens diferentes do que estavam acostumadas a realizar em televisão.

Porto dos Milagres (TV Series 2001) - Photo Gallery - IMDb
Félix (Antônio Fagundes) e Rosa Palmeirão (Luíza Tomé) em cena da novela. O realismo mágico foi mais uma vez abordado no horário das oito. (Foto: Divulgação/TV Globo)

11- Porto dos Milagres sofreu críticas de movimentos negros da Bahia e outros estados pelo número reduzido de atores negros no elenco em uma novela ambientada na Bahia (baseada na obra de Jorge Amado), onde há no estado o alto índice de população negra.

12- No início, a novela sofreu uma campanha negativa por parte de católicos e evangélicos que não gostaram de ver na novela a forte presença do candomblé e do culto a Iemanjá. Os autores foram obrigados a diminuir este particular na novela.

13- A empresa norte-americana Digital Domain, de Los Angeles, responsável por efeitos de filmes como Titanic (1997)e O Segredo do Abismo (1989), foi parceira da TV Globo na produção de alguns efeitos especiais da novela. Para as cenas em que Guma (Marcos Palmeira), perdido, enfrenta uma tempestade em alto-mar, um tanque de 30m de largura e três metros de profundidade foi construído no Projac. O tanque, usado até hoje em outras produções, é cercado por um paredão forrado de verde, que serve para os efeitos de chromakey, e contém duchas de água no topo para simular as tempestades. A ação é complementada com o efeito splash: três caixas contendo mais de 100 litros de água, posicionadas em duas rampas de 25m de altura cada, são abertas para formar uma correnteza que, quando a água é despejada no tanque, lembra uma onda gigantesca. 

14- O primeiro capítulo da novela mostrou cenas com Antonio Fagundes e Cassia Kiss em Sevilha, na Espanha, onde a equipe passou duas semanas. Atores espanhóis participaram das gravações. Também foram usadas como locações a Ilha de Comandatuba e a cidade de Canavieiras, na Bahia.

Port of Miracles (2001)
Amapola (Zezé Polessa) e Venâncio (Tadeu Mello) em cena de Porto dos Milagres. Núcleos secundários se destacaram durante a novela. (Foto: Divulgação/TV Globo)

15- Duas cidades cenográficas foram construídas para a novela: a cidade alta, erguida na Central Globo de Produção (Projac), e a cidade baixa, criada na Ilha de Comandatuba, com o cais, o nicho de Iemanjá, uma capela, o mercado municipal e as casas de pescadores. Canavieiras também abrigou construções feitas especialmente para a trama, em uma ruela onde foram gravadas as cenas do bordel de Dona Coló (Glória Menezes).

16- Os destaques da cidade montada no Projac eram a praça principal, a igreja matriz e o palacete de Bartolomeu Guerreiro (Antonio Fagundes), situado no alto de uma ladeira e com um minarete de 16m de altura, visível de qualquer ponto da cidade. A arquitetura e a decoração do interior da mansão, ambientado no estúdio, apresentava elementos mouros e espanhóis.

17- A estátua de Iemanjá que aparece durante a novela foi produzida pela equipe de artesãos do Projac. Aliás, uma das criações curiosas referentes à produção de arte da novela foi o livreto com o cordel de Rosa Palmeirão, O Abc de Rosa, escrito pela própria equipe.

18- A criação de uma cooperativa de pescadores, ideia de Guma (Marcos Palmeira) para enfrentar de forma organizada os atravessadores Félix (Antonio Fagundes) e Eriberto (José de Abreu), foi uma das temáticas sociais abordadas na novela.

19- Os últimos capítulos de Porto dos Milagres foram marcados pela campanha eleitoral, na qual o pescador Guma (Marcos Palmeira), que defendia as cores do Partido das Causas Trabalhistas, se candidata à prefeitura, e Félix Guerreiro (Antonio Fagundes), do Partido da Vanguarda Democrática, ao governo do Estado. Para divulgar a eleição, a direção da novela e a Divisão de Propaganda da Central Globo de Comunicação desenvolveram uma campanha, inserindo um fictício horário eleitoral gratuito no intervalo da novela e durante a programação. Para isso foram criados filmetes, partidos, jingles, logos, imagens de campanha e discursos.

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A revista TV Brasil de 25 de setembro de 2001 estampava na capa o final dos personagens centrais da trama escrita por Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares. (Foto: Divulgação/TV Globo)

20- Victorio Viana, o senador interpretado por Lima Duarte, retornou em outra produção para uma participação em Senhora do Destino (2004), outra novela de Aguinaldo Silva. O mesmo recurso já havia sido usado pelo autor em A Indomada (1997), quando o personagem Murilo Pontes, de Pedra Sobre Pedra (1992), também vivido por Lima, fez uma visita à fictícia cidade de Greenville. Além disso, o deputado Pitágoras (Ary Fontoura), de A Indomada, voltou ao ar em Porto dos Milagres. Ele faria apenas uma participação especial na trama, mas a recepção do público foi tão grande que o personagem permaneceu na história.

21- A equipe de produção de arte viajou pelo litoral baiano e concluiu que o recôncavo tinha as características que serviriam como base para a história. A viagem serviu para a inspiração e aquisição de vários adereços da cidade, como os cestos de vime do mercado municipal, as barracas de feira que vendem o peixe no cais do porto, as rendas das mulheres dos pescadores, etc.

22- Porto dos Milagres foi a primeira novela dos atores Vladimir Brichta, Miguel Thiré e Bárbara Borges na TV Globo.

23- Segredos do Mar e Caminhos do Mar (nome da música da abertura, cantada por Gal Costa) foram títulos provisórios para a novela.

24- Jorge Amado foi autor mais adaptado para a televisão brasileira. Além de Porto dos Milagres: Gabriela (1975 e 2012), Terras do Sem Fim (1981), Tenda dos Milagres (1985), Tieta (1989), Capitães de Areia (1989), Tereza Batista (1992), Tocaia Grande (1995), Dona Flor e Seus Dois Maridos (1998), Pastores da Noite (2002) e alguns casos especiais foram inspirados em sua extensa obra.

25- A novela foi reapresentada no Viva (canal de TV por assinatura pertencente à Rede Globo) entre 11 de fevereiro e 04 de outubro de 2019, às 15h30 com reprise à meia-noite.

Nem Aguinaldo Silva gosta de Porto dos Milagres: "uma novela traumática" -  Blog do Nilson Xavier - UOL
Félix (Antônio Fagundes) e Adma (Cássia Kiss) faziam parte do núcleo central de Porto dos Milagres. Trama retorna hoje no catálogo do Globoplay. (Foto: Divulgação/TV Globo)

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Fonte: Sites Teledramaturgia e Memória Globo.

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